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Procissão do Fogaréu volta a ser celebrada em Goiás com 1 minuto de silêncio às vítimas da Covid

Evento ficou suspenso por dois anos por causa da pandemia

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Bernadete Druzian Paulo Eduardo Dias
São Paulo

A cidade de Goiás voltou a celebrar na noite desta quarta (13) e na madrugada de quinta (14) a tradicional Procissão do Fogaréu, que relembra a perseguição sofrida por Cristo, segundo os textos bíblicos da Semana Santa.

O evento religioso, que acontece no estado de Goiás, ficou suspenso durante os últimos dois anos por causa da pandemia de Covid-19.

Por cerca de uma hora, milhares de pessoas circulam por vias da cidade, às escuras, segurando tochas, representando os farricocos —como são chamados os perseguidores de Jesus.

Um dos momentos mais marcantes da procissão deste ano foi a realização de um minuto de silêncio pelas vítimas da Covid-19, afirma Susana Magalhães, 56, diretora de projetos turísticos da cidade de Goiás. "Não era só mais uma procissão, mas um momento de satisfação e emoção pelo retorno do evento com a participação das pessoas, sem máscaras, livres para expressar sua religiosidade. Assim também como para os farricocos, que puderam voltar a se vestir para a encenação".

Papangus seguram tochas e estandarte de Jesus
Procissão do Fogaréu, em Goiás - Lázaro Ribeiro/Museu da Memória de Goyaz

A diretora destacou a maciça participação dos moradores e o número expressivo de visitantes, que lotaram os hotéis da cidade e da região.

O grande público também foi destacado pelo secretário de Turismo e Desenvolvimento Econômico, Rodrigo Santana. "Superou todas as nossas expectativas. Foi o maior público que já tivemos na Procissão do Fogaréu", disse. Segundo ele, em torno de 20 mil assistiram ao ato.

Santana também pontuou que o evento, mesmo após dois anos sem ser realizado, ocorreu sem transtornos. "Nós instalamos cestos de lixo na cidade toda. A cidade permaneceu limpa, não houve tumulto, confusão, nada. Nós estávamos extremamente ansiosos, dois anos depois, retomada, pandemia".

"Não foi só a Procissão do Fogaréu que houve uma participação do público. Todas as outras procissões, a Procissão do Encontro, a Procissão de Ramos, as missas, as celebrações, todas o público participou. Tem sim um reflexo dessa história da pandemia."

Nascida na cidade de Goiás e participante da Procissão do Fogaréu desde a década de 1970, a professora universitária e diretora do Museu Casa de Cora Coralina, Marlene Vellasco, 68, disse ter presenciado uma participação de moradores que não havia visto antes, corroborando com o que disse Susana Magalhães.

"Foi uma surpresa ver que foi retomada a procissão. O mais interessante foi que os moradores também participaram, em forma de engrandecimento, de fé. Foi uma procissão que uniu o turista e a comunidade".

Marlene, que contou ter ajudado na vestimenta dos farricocos, afirmou ter usado máscara durante todo o evento.

Patrimônio imaterial

De acordo com o governo de Goiás, a Procissão do Fogaréu, realizada há 277, anos é reconhecida como patrimônio imaterial do estado.

As primeiras atividades começam às 17h da quarta-feira, com a Procissão Fogaréu mirim, com participação de alunos de várias escolas.

A manifestação mais esperada começa às 23h59 de quarta e avança pela , quando as luzes da cidade se apagam e surgem os farricocos encapuzados, com suas tochas, que representam os perseguidores de Cristo.

Seguidos pelo público, eles saem do Quartel do 20 (20º Batalhão de Infantaria), percorrem as ruas passando pelas igrejas do Rosário e de São Francisco, e retornam ao local de partida.

Para a realização do evento este ano, segundo o governo de Goiás, a cidade recebeu aporte de R$ 260 mil por meio do Programa Estadual de Incentivo à Cultura.

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