Descrição de chapéu Alalaô

Vacinados, foliões celebram retomada do samba no 2º dia de desfiles no Rio

Eles afirmam que o Carnaval carioca só foi possível graças aos imunizantes

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Rio de Janeiro

Os foliões que enchiam neste sábado (23) as arquibancadas da Marquês de Sapucaí, no centro do Rio, não comemoravam apenas a volta do Carnaval, evento suspenso por dois anos em razão da pandemia. O público fazia questão de celebrar também as vacinas e dizia que só estava ali graças aos imunizantes.

"Se não fosse a vacinação, isso não seria possível. Ela foi o marco para que o Carnaval pudesse estar acontecendo hoje. Sem vacinação, não teria condições de eu estar aqui", diz a aposentada Marilda Valladares, 70.

Na noite deste sábado, ela estava na concentração do Paraíso do Tuiuti ao lado da mãe, Luzia Faria, 96, que estava se preparando para desfilar pela agremiação. Em uma cadeira de rodas, ela não escondia a animação para o desfile nem o orgulho de estar vacinada. "A vacinação teve êxito. Foi muito importante. O povo se conscientizou de que era algo necessário."

Rainha de bateria Thay Magalhães em ação na Paraíso do Tuiuti, primeira escola a desfilar na Sapucaí neste sábado
Rainha de bateria Thay Magalhães em ação na Paraíso do Tuiuti, primeira escola a desfilar na Sapucaí neste sábado - Amanda Perobelli/Reuters

Neste sábado (23), o Brasil registrou 45 mortes por Covid e 7.553 casos da doença. Tanto a média móvel de mortes quanto a de casos permanecem em queda. Especialistas atribuem esse cenário ao avanço da vacinação.

Imunizada com a quarta dose, Luiza vai ser o destaque da velha guarda do Tuiuti por ser considerada figura central na escola.

A matriarca conta que foi durante anos a única compositora mulher da agremiação e que precisou se impor para garantir um lugar em meio aos homens. "Mas eu sou muito ousada. Sempre fui uma pessoa levada", disse ela, bem-humorada.

Nas arquibancadas, o público bebia e tirava selfies enquanto esperava o começo dos desfiles. Alguns foliões até mesmo arriscaram passos de samba quando a banda sinfônica da Guarda Municipal tocou a marchinha "Cidade Maravilhosa".

Uma das mais animadas era a técnica em enfermagem Caroline Araújo, 34, que aguardava as escolas com um copo de cerveja na mão e a ansiedade estampada no rosto. "Espero que seja um desfile de paz e de tranquilidade. É a primeira vez que estou aqui. Estou bastante animada", diz ela, acrescentando estar ansiosa para ver a mãe desfilar na Portela, a segunda escola da noite.

A exemplo de Luiza e de sua filha, Caroline considera que é graças à vacinação que ela pode celebrar a folia. "Se não fossem as vacinas, não teria este Carnaval aqui. Então, a vacina ajudou muito."

O segundo dia de desfiles da Marquês de Sapucaí começou com a Paraíso do Tuiti, escola que promete contar a história de luta e resistência do povo negro. Intitulado, "Ka ríba tí ÿe - Que nossos Caminhos se Abram", o enredo da escola contou história de luta, sabedoria e resistência das populações negras.

O desfile trouxe 20 personalidades negras protegidas por divindades africanas, como Ogum e Iansã. Entre as figuras, estão Zumbi, Mandela, Angela Davis e Beyoncé. ​

Segundo a escola, essa era uma celebração das pessoas negras que marcaram a história com sua determinação e sabedoria.

"A proposta é fazer uma homenagem aos diversos personagens da história da humanidade negros que possuem histórias gloriosas reconhecidas pelo público. São pessoas notáveis que servem de inspiração para muitos outros", afirmou André Gonçalves, diretor de Carnaval do Tuiuti.

Ele disse que o desfile era bem ao estilo de Paulo Barros, carnavalesco da escola. "Com muitas alegorias humanas. Nosso abre-alas, por exemplo, tem 266 pessoas fazendo coreografia, ou seja, é um desfile afro bem diferente do tradicional."

A escola traz a temática racial à Sapucaí quatro anos após ter feito um desfile questionador sobre os 130 anos da abolição. Com esse enredo, a agremiação foi vice-campeã do Carnaval carioca, conseguindo a melhor colocação desde que foi fundada, em 1952.

Foi durante o desfile do Tuiuti que, em 2017, um de seus carros alegóricos avançou sobre a grade da arquibancada, deixando 20 pessoas feridas.

O acidente voltou a ser lembrado porque na quarta-feira (20) a pequena Raquel Antunes da Silva, 11, teve as pernas prensadas por um carro alegórico da escola Em Cima da Hora. A criança não resistiu aos ferimentos e morreu na última sexta-feira (22).

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