Folha estreia blog sobre a memória de São Paulo

Criador do Instituto São Paulo Antiga, Douglas Nascimento passa a escrever sobre a capital paulista às quintas

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São Paulo

O fotógrafo e jornalista Douglas Nascimento formou-se em 2003 no Foto Cine Clube Bandeirante e em pouco tempo criou um hábito que determinaria boa parte de sua trajetória: acordar cedo aos domingos e caminhar por diferentes cantos da cidade de São Paulo, registrando sua paisagem e arquitetura.

O jornalista e fotógrafo Douglas Nascimento, na hoje extinta vila João Migliari, no Tatuapé
O jornalista e fotógrafo Douglas Nascimento, na hoje extinta vila João Migliari, no Tatuapé - Divulgação

Das vezes que fotografou o bairro de Pinheiros, na zona oeste, recorda-se de uma situação inusitada em que foi confundido com um bandido, em 2011. Um morador desconfiou da sua presença e da forma como atuou naquele dia e chamou a polícia. "Só não fui revistado porque tenho cara de almofadinha", diz.

Cinco anos depois, outro perrengue que conta dando risada: com a câmera em punho, ele entrou em uma fábrica abandonada no Bom Retiro, região central, sem saber que ela havia sido ocupada por movimento de sem-teto. "Acharam que eu era da reintegração de posse, tive que sair correndo".

A paixão de Nascimento pela história de São Paulo foi tomando corpo. Acabou dando origem, em 2009, a um blog sobre o tema, com o título São Paulo Antiga, que depois também nomeou um instituto criado em 2019 e que ganhou sua primeira sede em 2021, no Brás, na zona leste da cidade.

Nesta quinta (5), é a vez de Nascimento dar mais um passo adiante e estrear um blog na Folha, o São Paulo Antiga, no qual pretende compartilhar seu conhecimento e pesquisas sobre o município. Além da formação em fotografia, ele também se graduou em jornalismo pelo Centro Universitário Sant’Anna em 2011. Desde 2012 também é membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.

A primeira coluna da série semanal vai falar sobre uma vila localizada na zona norte paulistana, conhecida como Vila Holandesa por trazer características de uma arquitetura típica dos Países Baixos.

Também está no radar de Nascimento falar sobre igrejas com traços de um estilo russo e que tem exemplares em regiões distintas da capital paulista.

​​Arquitetura não será um campo obrigatório, porém. Durante os três anos de atividade, o Instituto São Paulo Antiga formou um acervo que inclui material sobre figuras históricas e até registros de crimes ocorridos na cidade, tudo isso aberto a consulta e visitação. "Não é de hoje que São Paulo é uma cidade violenta", comenta o articulista.

Sobre sua atividade, Nascimento expressa apenas uma frustração. Diz que São Paulo, "bem como muita cidade brasileiras" não sabe lidar com a preservação de sua própria memória. Diz que muitas das coisas que fotografa acabam sumindo pouco tempo depois, por causa da fome do setor imobiliário.

"Não há preocupação do poder público de preservar, as leis de tombamento são arcaicas", afirma.

"Aqui, as leis de preservação muitas vezes penalizam o proprietário de um bem histórico. Tem muita gente que mora em uma casa com importância histórica e não sabe que aquele imóvel é relevante para a cidade e para o seu entorno".

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