Descrição de chapéu Obituário José Juliano de Carvalho Filho (1939 - 2022)

Mortes: Estudioso da reforma agrária, se indignava contra injustiças

Juca, como era conhecido, foi professor da USP e mantinha livros em todos os cômodos da casa

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São Paulo

O paulistano José Juliano de Carvalho Filho ou Juca, como a família e os amigos o chamavam, seguiu os passos do pai quando decidiu se tornar economista.

Estudou na USP, na qual concluiu a graduação e o doutorado, e depois fez pós-doutorado na Universidade Estadual de Ohio, nos EUA, em 1976. Juca foi professor do departamento de economia da FEA (Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária) da USP.

Dirigiu a Abra (Associação Brasileira de Reforma Agrária) e ao lado de Plínio de Arruda Sampaio participou da elaboração da proposta do Plano Nacional de Reforma Agrária do primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) —o projeto nunca foi implementado. Ainda na instituição, marcou presença nos estudos e debates para a construção de políticas públicas de reforma agrária.

José Juliano de Carvalho Filho (1939-2022)
José Juliano de Carvalho Filho (1939-2022) - Arquivo pessoal

Defensor das classes trabalhadoras e dos movimentos sociais, ele se indignava contra injustiças e desigualdades, afirmam familiares.

"Ele era um pai amoroso e provocador, que ensinava a pensar e questionar. Um homem raro, de interesse legítimo por pessoas e que se dedicou ao combate das injustiças sofridas pelos mais pobres", afirma a produtora de TV Patrícia Rocha Juliano de Carvalho, 49, sua filha.

Juca ainda ministrou aulas na Escola Nacional Florestan Fernandes, projeto idealizado pelo MST, e tornou-se uma das maiores referências em estudos agrários no hemisfério sul.

Além dos assuntos profissionais aos quais se dedicou, ele gostava de teatro, cinema, música clássica e mitologia grega. Também adorava leitura.

A jornalista Carolina Juliano, 47, sua meia-irmã por parte de pai, conta que ele tinha livros em todos os cômodos da casa. "Juca me fez ler de Adam Smith a Hobsbawm pra entender, assimilar, pensar e tirar conclusões. Só assim eu poderia ser uma formadora de opinião. E tantas tabelas da Fipe e do Dieese me ajudou a decifrar", afirma ela.

"Ele lia tudo que eu escrevia e eu lia tudo que ele escrevia e me mandava para revisar e opinar. Quem era eu diante da imensidão de sabedoria dele? Mas eu fazia com muita honra. Ele tinha enorme respeito pela carreira que eu ia construindo e acho que não tinha ideia do tamanho que ele tinha naquela construção. Como disse uma das centenas de lindas homenagens que recebeu, era um incansável militante da solidariedade", finaliza.

Juca morreu dia 22 de maio, aos 83 anos. A causa da morte não foi informada. Deixa a mulher, dois filhos e um neto.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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