Descrição de chapéu Independência, 200

Não há politização em torno do Museu do Ipiranga, diz governador de SP

Secretaria de Cultura lança programação para o bicentenário da Independência

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), buscou nesta quarta (18) dissociar a reabertura do Museu do Ipiranga das disputas entre o poder federal e a administração estadual.

Depois de uma ampla reforma, que vai dobrar a sua área, o museu paulistano tem previsão de reinauguração em 7 de setembro, dia que marca o bicentenário da independência do país. Nesta ocasião, faltará menos de um mês para o primeiro turno das eleições.

Teste das fontes do jardim francês, com o edifício-monumento do Museu Ipiranga ao fundo - Eduardo Knapp - 31.mar.2022/Folhapress

"Não existe politização, não existe guerra de narrativas. O que existe é um museu que ficou fechado por muitos anos e que reabre para a celebração do bicentenário", afirmou Garcia durante evento de entrega das obras de restauração do edifício-monumento, o prédio histórico aberto em 1895, e de prestação de contas aos patrocinadores.

À Folha em março, Amâncio Jorge de Oliveira, vice-diretor da instituição, afirmou que o candidato que usar a reinauguração do museu como vitrine eleitoral pode receber uma resposta negativa da sociedade.

Nos meses anteriores, o museu esteve no centro de disputas políticas. O ex-secretário da Cultura do governo Bolsonaro, Mario Frias, havia feito críticas ao então governador de São Paulo, João Doria, por causa da reforma, custeada em grande parte pela administração federal. O governo estadual, por sua vez, acusava a gestão Bolsonaro de tentar se apropriar do projeto.

O custo das obras, que inclui o restauro do jardim francês, é de R$ 230 milhões. Desse total, R$ 160 milhões são oriundos de lei de incentivo federal, a Rouanet, e R$ 27 milhões vieram de patrocínio direto das empresas. Além disso, houve aportes de R$ 34 milhões do governo estadual e R$ 9 milhões da USP.

Garcia, no entanto, fez questão de ressaltar o protagonismo paulista na concepção e na realização do projeto. "A reforma do Museu do Ipiranga foi uma iniciativa de paulistas, de São Paulo. Não só do governo estadual, mas também da sociedade e da iniciativa privada", afirmou. "Não fossem os patrocínios não teríamos condições de fazer nesse tempo e nessa dimensão o restauro do museu."

Para o espetáculo de reinauguração, que vai acontecer em 7 de setembro no parque da Independência, situado à frente do museu, serão convidados representantes das esferas federal, estadual e municipal, segundo Sérgio Sá Leitão, secretário de Cultura e Economia Criativa do estado de São Paulo.

"O governo paulista assumiu a liderança do projeto, mas o federal participou disponibilizando a lei de incentivo à cultura. E 29 empresas se juntaram à iniciativa", diz Sá Leitão. "Se o Brasil quer realizar suas vocações e seu potencial, o caminho é a união."

A celebração do dia 7 será coordenada por Abel Gomes, responsável pela direção artística da abertura dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. O espetáculo, aberto ao público, vai unir música, dança, teatro e circo, de acordo com Sá Leitão.

A secretaria de Cultura também lançou nesta quarta a Agenda Bonifácio, que reúne em uma página online a programação dedicada ao bicentenário. Entre os destaques, estão as exposições "São Paulo, 1822 - Bahia, 1823", que vai discutir os diferentes processos de independência, no Museu Afro; e "Nhe’é Porã", sobre línguas indígenas faladas no Brasil, no Museu da Língua Portuguesa. Ambas começam em setembro.

Também neste mês, a Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) apresentará "Floresta Villa-Lobos", sob regência de Marin Alsop, na Sala São Paulo. Em outubro, o Carnegie Hall, em Nova York, receberá o concerto.

O site Agenda Bonifácio também reúne entrevistas e curiosidades sobre o bicentenário da Independência.

Pedro Américo de volta

Autoridades estaduais e municipais receberam nesta quarta (18) diretores das empresas patrocinadoras da reforma do Museu do Ipiranga em uma reunião no salão nobre da instituição.

Foi uma das primeiras ocasiões em que "Independência ou Morte", a famosa tela de Pedro Américo, pôde ser vista por um público que não trabalha no museu após a minuciosa restauração, que levou cerca de seis meses. Feitos os reparos, a pintura permaneceu coberta por um tecido, que impedia a entrada de resíduos.

Tela "Independência ou Morte", de Pedro Américo, no Salão Nobre, durante reunião de autoridades com patrocinadores da reforma do Museu do Ipiranga - Naief Haddad/Folhapress

As cores vivas da obra, muito próximas das usadas originalmente pelo artista paraibano em 1888, chamam a atenção.

"Teremos recursos multimídia para contextualizar e problematizar o quadro do Pedro Américo, apontando ângulos diferentes. A ideia é que as pessoas entendam que é uma peça simbólica, quase uma abertura poética para demonstrar politicamente a grandiosidade do momento [da Independência do Brasil]", afirma Amâncio Jorge de Oliveira, vice-diretor do Museu do Ipiranga.

Erramos: o texto foi alterado

O governo estadual fez aportes de R$ 34 milhões no projeto, não de R$ 34 bilhões.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.