Descrição de chapéu Rio de Janeiro

Ronnie Lessa e delegados são alvos de operação contra jogos de azar no Rio

Acusado no caso Marielle é um dos 30 denunciados pela Promotoria, que apreendeu R$ 1,8 mi na casa de delegada suspeita de proteger grupo

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Rio de Janeiro

O Ministério Público do Rio de Janeiro deflagrou nesta terça-feira (10) a Operação Calígula, que tem como objetivo desarticular um esquema para proteger uma organização criminosa especializada em jogos de azar.

Entre os alvos estão membros da Polícia Civil. Só na casa de uma delegada foram apreendidos cerca de R$ 1,8 milhão —os promotores divulgaram inicialmente que eram R$ 1,2 milhão, mas o valor foi atualizado após a contagem das notas.

Segundo a denúncia, um dos integrantes do grupo é Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos disparos que mataram a vereadora Marielle Franco na noite de 14 de março de 2018. Ele foi preso em março de 2019 e se tornou réu sob acusação de homicídio da parlamentar.

Segundo a Promotoria, o grupo é liderado por Gustavo de Andrade e seu pai, Rogério de Andrade —sobrinho de Castor de Andrade, um dos maiores bicheiros cariocas. Castor sofreu um infarto em 1997 enquanto cumpria prisão domiciliar. Segundo o Ministério Público, a organização criminosa atuava no Rio de Janeiro e em outros estados do país.

Dinheiro em cima da cama
Dinheiro em espécie apreendido na casa da delegada Adriana Belém, no Rio - Reprodução

Outro alvo da operação é a delegada Adriana Belém, que foi titular da 16ª DP, localizada na Barra da Tijuca, bairro onde Ronnie Lessa morava. Na casa dela, a operação encontrou R$ 1,8 milhão, sendo que parte do dinheiro estava em sacolas da grife Louis Vuitton.

Os promotores suspeitam que o valor seja proveniente de lavagem de dinheiro. Ao todo, 30 pessoas foram alvos de denúncia pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Segundo a denúncia, a parceria entre Rogério de Andrade e Ronnie Lessa existe pelo menos desde 2009, quando Lessa atuava como um dos seguranças do contraventor.

Em 2018, segundo a investigação, os dois abriram uma casa de apostas na Barra da Tijuca, zona oeste, que foi fechada pela Polícia Civil no dia em que foi inaugurada. No entanto, após acordos de corrupção com policiais civis e militares, as máquinas apreendidas foram liberadas, e o local voltou a funcionar.

Para a Promotoria, os criminosos tinham acertos com agentes da Polícia Civil mediante pagamento de propina. O objetivo do acordo era garantir a proteção do bando. Agentes da Polícia Militar receberiam valores mensais para permitir o funcionamento das casas de aposta do grupo.

Segundo a denúncia, o delegado Marcos Cipriano teria intermediado um encontro entre Lessa, a delegada Belém e um inspetor de polícia que seria braço direito dela.

Na reunião, teria sido combinada a liberação de 80 máquinas caça-níqueis que foram apreendidas em casa de apostas da organização criminosa, mediante pagamento de propina.

Os promotores denunciaram também um policial civil aposentado suspeito de ser o interlocutor do bando com as delegacias. Outro alvo da denúncia é inspetor acusado de ser receptador de propinas, fazendo a ligação do dinheiro entre o bando e integrantes do alto escalão da Polícia Civil.

O grupo também é suspeito de usar a violência para garantir suas operações. De acordo com as investigações, a organização liderada por Rogério de Andrade é suspeita da praticar inúmeros homicídios.

A Folha entrou em contato com a defesa de Ronnie Lessa, mas não obteve resposta. Os advogados de Gustavo e Rogério de Andrade, da delegada Adriana Belém e do delegado Marcos Cipriano ainda não foram localizadas.

Segundo a Polícia Civil, Belém não ocupa atualmente cargo na corporação e está lotada em outro órgão. "A Corregedoria-Geral da instituição solicitará acesso às investigações para dar andamento aos processos administrativos necessários", disse o órgão em nota.

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