Descrição de chapéu festa junina

Após 2 anos, São João de Caruaru volta a reunir público com forró e muita comida

Cidade pernambucana rivaliza com Campina Grande (PB) por maior festa junina

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Caruaru (PE)

"Sem São João, não era a mesma coisa. Era como se algo de nós tivesse preso nesses dois anos da pandemia. Caruaru sem São João não é Caruaru. Tomara que nunca mais deixe de ter São João."

O desabafo da professora Isabele Sousa, 50, resume a emoção que tomava conta dos milhares de visitantes que lotavam as ruas de Caruaru, no Agreste de Pernambuco, para participar do São João que rivaliza com Campina Grande (PB) pelo título de maior São João do mundo. Cerca de 80 mil pessoas participaram da festa entre a noite de sexta-feira (10) e a madrugada de sábado (11), segundo a Fundação de Cultura de Caruaru.

Mesmo com o frio habitual das noites de junho, o público não arredou o pé do Pátio do Forró Luiz Lua Gonzaga, espaço principal da festa caruaruense com o nome em homenagem ao cantor que é o símbolo maior do São João.

Público lota espaço dedicado ao São João de Caruaru (PE) - Sérgio Figueirêdo/Folhapress

A festa retornou em 2022 após duas edições seguidas canceladas em razão da pandemia de Covid. Justamente por causa da retomada, neste ano, a prefeitura batizou a festa como o "São João do Reencontro".

"Acho que esse ano está melhor. Está mais animado. A alma da gente fica mais animada para matar a saudade da festa de São João", diz Isabele, que pretende não perder um só fim de semana da festa.

O motorista Ronan Silva, 38, também comemorava a volta da agitação às ruas da cidade. "A melhor coisa do São João de Caruaru é o povo unido na festa e esse clima de famílias andando na maior tranquilidade. Claro que era importante não ter festa na pandemia, mas agora, com a vacinação, estamos aqui."

Além dos 24 polos com mais de 800 apresentações, entre trios pé de serra, bandas de forró, quadrilhas, companhias de dança e atrações conhecidas nacionalmente, neste ano o São João também contou espaço para realização de testes de Covid e aplicação de vacinas contra coronavírus e influenza.

Segundo a prefeitura, 220 pessoas foram vacinadas contra Covid e outras 35 contra influenza entre os dias 4 e 10 de junho. No mesmo período, foram realizados 77 testes rápidos para Covid, sendo que 6 apresentaram resultado positivo para a doença.

Outra novidade para a edição são as matinês, shows que começam logo no início da noite. O pontapé inicial foi no sábado (11) com Bell Marques subindo ao palco às 18h20.

Na noite de sexta e madrugada de sábado, o público foi ao pátio para dançar e curtir o som de Renan Cruz, da banda Toca do Vale e da dupla Simone e Simaria. Há dias em que as apesentações reúnem 100 mil pessoas, de acordo com a organização.

"Acho linda essa cultura do São João. Sou baiana e adoro isso aqui. Vejo as pessoas acendendo fogueira, eu fazia isso com minha avó na porta da casa dela e ficávamos assando milho em Uibaí, na Bahia", disse a cantora Simaria, da dupla com Simone, em entrevista coletiva após o show na madrugada do sábado.

Para o prefeito Rodrigo Pinheiro (PSDB), o São João de Caruaru em 2022, além de impulsionar a cultura local, aquece a retomada da cidade.

"Temos a expectativa de receber mais de 3 milhões de visitantes e turistas nesses mais de 30 dias de São João. A população está feliz, a economia está aquecida e os comerciantes num momento positivo", afirma.

Além das tradições com muito forró e danças de quadrilhas, os festejos juninos, iniciados no dia 4 e que seguem até o fim do mês, movimentam de R$ 250 milhões a 300 milhões e geram cerca de 2.000 empregos temporários, segundo a prefeitura.

Nas imediações do Pátio do Forró, onde são realizadas as principais apresentações, o público toma conta em meio a comerciantes que atuam na venda de bebidas, comidas típicas, brinquedos infantis, entre outros.

Dono de uma pousada, Roberto Martins, 63, comemorava a volta da festa e a ocupação de 100% do estabelecimento. Durante o tempo em que o local ficou fechado na pandemia, ele aproveitou para fazer reformas e deixar o espaço mais acolhedor.

"São João de Caruaru, se eu não for eu adoeço. No ano passado, quando eu ia no Alto do Moura e via tudo vazio, dava uma dor enorme. É uma coisa que falta, parece que tinha na casa da gente algo e foi levado. No lado empresarial, sofremos. Mas o fato de ver todo mundo no sofrimento, voltando a pedir esmola e vendendo coisas para comer dói na alma", diz.

O final de semana também é agitado por causa do "maior cuscuz do mundo", feito neste domingo (12), Dia dos Namorados e véspera do dia de santo Antônio.

A história das Comidas Gigantes já faz parte da tradição junina de Caruaru, sendo realizada há mais de 25 anos. Segundo os organizadores, a tradição teve início a partir da Festa da Pamonha Gigante, em 1999. Com isso, ano após ano, os moradores dos bairros deram surgimento a novos pratos e assim se estende a comemoração todos os dias durante o mês de junho.

Indagado pela reportagem sobre a tradicional rivalidade de Caruaru com Campina Grande, na Paraíba, pelo título de maior São João do mundo, o prefeito optou por defender a cidade que governa, mas enalteceu também o município concorrente.

"Pelo número de artistas e de polos, é o São João de Caruaru. Mas essa rivalidade é sadia, existe muita gente curiosa em visitar o de Campina Grande que visita o São João de Caruaru e vice-versa. Quem ganha são as duas cidades, os dois estados, o Nordeste e o Brasil".

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