Descrição de chapéu LGBTQIA+

Bandeira arco-íris ganha novas cores com diversidade LGBTQIA+

Veja ensaio com participantes de diferentes públicos no evento deste domingo (19), em SP

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São Paulo

Segurança, acolhimento, pertencimento. As palavras escolhidas por participantes da 26ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo para definir a sensação de estar no evento costumam ser uma variação dessas três.

Mas isso está longe de significar que a multidão na avenida Paulista neste domingo (19) era homogênea. Assim como a sigla que designa o público do evento cresceu e já tem sete letras, a população LGBTQIA+ que ocupava o cartão postal de São Paulo tinha histórias, demandas e bandeiras próprias. Literalmente.

Além da tradicional bandeira do arco-íris, tomavam as adjacências do Masp os emblemas azul claro, rosa e branco, das pessoas trans; o rosa, amarelo e azul das pansexuais; e o azul, rosa e lilás, dos bissexuais, entre outros.

A esses públicos se somavam gays, lésbicas, assexuais, queers, pessoas não binárias, entre outras, sem falar nos que estavam ali para apoiar um filho ou um amigo ou apenas se divertir.

Mesmo dentro desses grupos, a diversidade era visível. "Sou uma mina trans não binária", definiu-se a cantora Veronica Scott, 29. "Me entendo como pessoa não binária, mas com
maior inclinação feminina", disse.

Não era todo mundo que achava que o rótulo importava. "Não me identifico com letra nenhuma, o que me importa é o amor", comentou Fernando Ramalho de Almeida, 38, com asas de anjo vermelhas.

Mas também houve quem defendesse que sim, identidade importa, e a estudante Grazielly Barros era uma delas. "Quando a gente se conhece, a gente se sente mais segura e confiante", afirmou.

Grazielly foi uma das participantes da 26ª Parada LGBT+ retratadas em ensaio feito pela Folha neste domingo (19). As imagens foram feitas em local cedido pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Thamirys Nunes segura bandeira rosa, branca e azul com os dizeres Crianças Trans Existem
Thamirys Nunes, 33, ativista pelos direitos das crianças trans - Jardiel Carvalho/Folhapress

"Viemos gritar para todo mundo que as nossas crianças existem"

Thamirys Nunes, 33

ativista pelos direitos das crianças trans

Lucca Santos Simões, 11, que foi à Parada com sua mãe, com bandeira gay e trans
Lucca Santos Simões, 11, que foi à Parada com sua mãe - Jardiel Carvalho/Folhapress

Viemos pedir respeito para todos

Lucca Santos Simões, 11

Carolina Moraes Santos, 39, fonoaudióloga e mãe do Lucca, 11
Carolina Moraes Santos, 39, fonoaudióloga e mãe do Lucca, 11 - Jardiel Carvalho/Folhapress

Conheci a Thamirys em um grupo que tem mais de 200 mães de crianças trans e fiz questão de vir com o Lucca à Parada

Carolina Moraes Santos, 39

fonoaudióloga e mãe do Lucca, 11

Reginaldo Luques Gomes, 30, que protestou contra o governo Bolsonaro na Parada
Reginaldo Luques Gomes, 30, que protestou contra o governo Bolsonaro na Parada - Jardiel Carvalho/Folhapress

Importante representar quem a gente é e gritar Fora Bolsonaro, que destila ódio contra o público LGBT

Reginaldo Luques Gomes, 30

funcionário de supermercado

Eloi Iglesias, 67, artista de Belém (PA), na Parada LGBT+
Eloi Iglesias, 67, artista de Belém (PA), na Parada LGBT+ - Jardiel Carvalho/Folhapress

Faço a festa Filhas da Chiquita, no Círio de Nazaré, e este ano nosso tema é a Fênix, o renascimento. É fundamental retomar a Parada após dois anos de retrocesso político e cultural

Eloi Iglesias, 67

artista de Belém (PA)

Lucas Scudellari, 27, modelo e ator pornô, negro, de torso nu e adereços dourados
Lucas Scudellari, 27, modelo e ator pornô - Jardiel Carvalho/Folhapress

Pelo menos uma vez por ano podemos nos sentir seguros e confortáveis na avenida Paulista estando da forma como queremos estar

Lucas Scudellari, 27

modelo e ator pornô

João Vitor Souza Roberto, 26, designer de interiores, vestido de corpete e meia arrastão rosa
João Vitor Souza Roberto, 26, designer de interiores - Jardiel Carvalho/Folhapress

Vir à Parada é se libertar, mostrar quem você é sem medo do preconceito

João Vitor Souza Roberto, 26

designer de interiores

Amigos, Luiz Fujii (à esq.), 27, e Cristiam Velozo (à dir.), 31, vieram de Rondônia participar da Parada vestidos de Mario e Luigi
Amigos, Luiz Fujii (à esq.), 27, e Cristiam Velozo (à dir.), 31, vieram de Rondônia participar da Parada - Jardiel Carvalho/Folhapress

Somos amigos e viemos de Rondônia, cada um de uma cidade. Estar aqui é uma forma de comungar nossa amizade

Cristiam Velozo, 31

professor universitário

Tem gente que diz que a Parada se despolitizou, mas a gente precisa lembrar que festa também é luta

Luiz Fujii, 27

professor universitário

Leônidas Ferraz, 36, veio de Betim (MG) e se define como queer. Com leque e tiara das cores do arco-íris
Leônidas Ferraz, 36, veio de Betim (MG) e se define como queer - Jardiel Carvalho/Folhapress

Sou queer. Este evento veio para nos libertar, em um ano em que nosso voto vai definir nosso futuro

Leônidas Ferraz, 36

Laura Gomes da Silva, 19, que acaba de se formar no ensino médio
Laura Gomes da Silva, 19, que acaba de se formar no ensino médio - Jardiel Carvalho/Folhapress

Primeiro me assumi bi, depois percebi que não sentia mais atração por homem. Demorei para ser aceita pela minha família e para me aceitar. Mas algumas coisas estão mudando. Na primeira Parada que vim, tive que rasgar a bandeira, hoje saí de casa com a bandeira e minha mãe não disse nada

Laura Gomes da Silva, 19

recém-formada no ensino médio

João Vitor Leme Brito de Oliveira, 21, estudante de direito com roupa de ursinho carinhoso rosa
João Vitor Leme Brito de Oliveira, 21, estudante de direito - Jardiel Carvalho/Folhapress

Me assumi gay na pandemia e desde então quis ocupar os espaços, conhecer os ativistas e pessoas iguais a mim

João Vitor Leme Brito de Oliveira, 21

estudante de direito

Fernando Aragão, 24, que trabalha na cozinha de um restaurante na Liberdade
Fernando Aragão, 24, que trabalha na cozinha de um restaurante na Liberdade - Jardiel Carvalho/Folhapress

Precisamos expressar nossa identidade no voto. Hoje não temos alguém que represente a comunidade

Fernando Aragão, 24

trabalha na cozinha de um restaurante na Liberdade

Diego Silva Oliveira, 34, enfermeiro com flecha de cupido
Diego Silva Oliveira, 34, enfermeiro - Jardiel Carvalho/Folhapress

Depois de dois anos, apesar de todas as dificuldades, a gente tem que celebrar o amor e a paz, independente de cor, gênero ou classe

Diego Silva Oliveira, 34

enfermeiro

vestida de mulher gato, Sheila Chaves, 30, dona de casa, foi à Parada LGBT por simpatizar com a causa e para se divertir
Sheila Chaves, 30, dona de casa, foi à Parada LGBT por simpatizar com a causa e para se divertir - Jardiel Carvalho/Folhapress

Vim para me divertir, adoro a liberdade da Parada

Sheila Chaves, 30

dona de casa

Lara Lanai, 23, vendedora bissexual, veio de São José dos Campos (SP) para a Parada
Lara Lanai, 23, vendedora bissexual, veio de São José dos Campos (SP) para a Parada - Jardiel Carvalho/Folhapress

"Este é o momento em que a gente pode ser quem a gente é sem ter medo

Lara Lanai, 23

vendedora

Bianca Roberta segura a bandeira pansexual
Bianca Roberta, 21, pansexual, com bandeira que representa o grupo - Jardiel Carvalho/Folhapress

Amo pessoas, não gêneros. Sempre fui assim, desde criança, mas foi quando conheci o que era ser pansexual que eu me identifiquei. E é isso que é a Parada: amor é amor

Bianca Roberta, 21

Mileine de Souza, 16, estudante - Jardiel Carvalho/Folhapress

Sou pansexual. Desde pequena, frequento a parada com a minha mãe. Ela me inspira e me apoia desde sempre

Mileine de Souza, 16

pansexual

Grazielly de Souza Barros, 22, estudante de engenharia química. (Foto: Jardiel Carvalho/Folhapress - COTIDIANO).
Grazielly de Souza Barros, 22, estudante de engenharia química - Jardiel Carvalho/Folhapress

Muitos me leem como mulher, e isso me incomoda. Sou assexual. Faz alguns meses que passei a me questionar e pensar nisso. Foi fundamental, porque quando a gente se conhece, a gente se sente mais segura e confiante

Grazielly de Souza Barros, 22

estudante

Glaucia Salles, 29, bissexual, e o filho Thaylor Henrique, 15, o MC TH, trans; ela com a bandeira arco-íris, com abraço com a bandeira trans
Glaucia Salles, 29, bissexual, e o filho Thaylor Henrique, 15, o MC TH, trans; ela com a bandeira arco-íris, com abraço com a bandeira trans - Jardiel Carvalho/Folhapress

Quando me assumi bi, aos 21 anos, foi muito difícil. Não tive família que me aceitou e vejo como isso é importante. Por isso, estou aqui como mãe de homem trans

Glaucia Aparecida Salles, 29

dona de sex shop

Vim aqui para representar minha comunidade

Thaylor Henrique Nascimento Salles, ou MC TH, 18

trans, filho de Glaucia

Ana Cristina Ramos da Silva e Silva, 23, professora de educação física
Ana Cristina Ramos da Silva e Silva, 23, professora de educação física - Jardiel Carvalho/Folhapress

Primeiro eu quis esperar fazer 18 anos pra vir à Parada. Aí eu fiz, mas minha noiva não. Quando ela completou 18 anos, era pandemia, então só conseguimos vir agora. A gente precisa mostrar para as pessoas que existimos e somos tão iguais quanto as outras. As pessoas não enxergam isso

Ana Cristina Ramos da Silva e Silva, 23

professora de educação física

Veronica Scott, 29, cantora trans, com bandeira trans
Veronica Scott, 29, cantora trans - Jardiel Carvalho/Folhapress

Sou uma mina trans não binária. Me entendo como pessoa não binária, mas com maior inclinação feminina. Sendo filha de pastora, o começo foi muito difícil. É fundamental mostrar para as pessoas que amor é simplesmente amor

​Veronica Scott, 29

cantora trans

Gabriel Bernardes Crepaldi, 24, e Felipe Souza de Medeiros, 24, estudantes de engenharia da USP
Gabriel Bernardes Crepaldi, 24, e Felipe Souza de Medeiros, 24, estudantes de engenharia da USP - Jardiel Carvalho/Folhapress

Viemos com o coletivo da Poli [Escola Politécnica da USP], que reúne umas 200 pessoas, como uma família. Por um tempo, essa família foi mais próxima do que a nossa própria, para muitos de nós. Com a pandemia, nos reaproximamos também das nossas famílias, mas mantivemos esse laço. Como tiktokers, viemos mostrar também a Parada para as pessoas que ainda não se assumiram

Gabriel Bernardes Crepaldi, 24

estudante de engenharia da USP

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