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Ministério Público vai apurar suposta agressão de policiais contra jovens dois dias antes de morte de Genivaldo

Caso foi revelado pela Folha e aponta para participação de dois policiais envolvidos em morte em camburão

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Brasília

O Ministério Público Federal em Sergipe abriu um procedimento para a apurar a suposta agressão contra dois jovens durante uma abordagem da PRF (Polícia Rodoviária Federal) dois dias antes e na mesma cidade em que Genivaldo de Jesus Santos foi morto asfixiado numa viatura da corporação.

O caso foi revelado pela Folha. Segundo o boletim de ocorrência registrado após a ação, dois dos policiais rodoviários que atuaram na ação que matou Genivaldo também participaram da abordagem em que dois jovens afirmam terem sido agredidos e ameaçados.

Nos registros, um homem de 21 anos e um adolescente de 16 relatam que, mesmo algemados com as mãos para trás, receberam chutes, tapas e pisões no rosto.

Policiais Rodoviários Federais durante abordagem que resultou na morte de Genivaldo dos Santos
Policiais Rodoviários Federais durante abordagem que resultou na morte de Genivaldo dos Santos - Reprodução

Segundo os jovens, a abordagem contou com quatro agentes. Após a agressão, o rapaz que pilotava a moto afirma que foi colocado no camburão da viatura da PRF. Eles também estavam de moto quando foram abordados.

"Dá a entender, numa avaliação inicial, que as vítimas de tais agressões só se sentiram à vontade para comunicá-las à autoridade policial local depois da ampla repercussão que a abordagem a Genivaldo de Jesus, em circunstâncias similares mas com desfecho trágico, aconteceu", relata o procurador Flávio Matias no despacho de abertura do procedimento.

No documento, o MPF pede à Delegacia de Polícia Civil de Umbaúba que envie o boletim de ocorrência da ação dos policiais e solicita à superintendência da PRF em Sergipe que "apure o caso e tome as providências disciplinares cabíveis".

O MPF também cobra da PRF os nomes dos policiais envolvidos na abordagem.

O relato da ocorrência feito pelos agentes, obtido pela Folha, é assinado por dois dos que foram afastados. São eles Paulo Rodolpho Lima Nascimento e William de Barros Noia.

O terceiro afastado, Kleber Nascimento Freitas, não participou da abordagem do dia 23.

Nos relatos de agressão feitos à Polícia Civil, os jovens afirmam que ao perceberem a presença de policiais rodoviários decidiram fugir porque estavam sem capacete e com a documentação da motocicleta irregular.

"Ao perceber que não conseguiriam fugir", afirmaram, "pararam a motocicleta, mas, mesmo assim, foram atingidos pela viatura" e caíram no chão.

O homem que pilotava a moto, de 21 anos, afirmou que os agentes "o agrediram com chutes na cabeça, no abdômen e no tronco em si" quando ele já estava algemado.

Depois, os agentes mandaram que ele "ficasse sentado e começaram a lhe dar tapas no rosto". O homem, então, relata ter pedido para que os policiais não o matassem. "'Não me mate não, me leve preso'; que um dos policiais disse: 'Vou te levar pra mata pra você aprender!'", consta em trecho do boletim de ocorrência.

Ele diz que "sofreu lesões do lado esquerdo do rosto e nos lábios, em decorrência da pressão feita pelos pés do policial no seu rosto, pressionando a sua face contra o chão".

Depois da agressão, o motociclista relata que foi colocado no camburão da viatura da PRF e levado para o posto de Cristinápolis —a 16 km de Umbaúba.

Segundo ele, apenas nesse momento os policiais pediram seus documentos e os da moto. De acordo com o BO, mesmo algemado, ele conseguiu ligar para o irmão, que seguiu a viatura e o encontrou no posto policial, onde foi liberado.

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