Apesar de terem convivido por apenas cinco anos, foi o padrasto quem abriu a porta mais importante para a carreira de Frank Maia.
"Ele apresentou o Pasquim e o mundo das charges ao Frank, comprava diariamente o jornal e os dois liam juntos", conta a professora de música e musicista Patrícia Bolsoni, 50, companheira de Frank.
Frank nasceu no Rio de Janeiro e aos 11 anos mudou-se para Florianópolis. Cursou escola técnica e depois jornalismo na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). "Logo no primeiro trabalho da faculdade ele trocou o texto pelos quadrinhos", relata Patrícia. As oportunidades de trabalho começaram a surgir no início do curso, em jornais sindicais.
Segundo o Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina e a Federação Nacional dos Jornalistas, Frank trabalhou nos jornais O Estado (já extinto), A Notícia e Notícias do Dia. Colaborava com publicações de entidades sindicais e ligadas a movimentos sociais. Em 2017, lançou, com Isadora Cardoso e Maurício Oliveira, o livro "Capa Dura, Miolo Mole", com uma coletânea dos seus trabalhos. Nos últimos tempos compartilhava suas charges e as de diversos outros profissionais em redes sociais e em seu grupo de WhatsApp "serviço de xarjincasa".
Muitas de suas charges, de humor ácido e fino, referiam-se ao momento político em que foram produzidas. Ele era um observador do cotidiano.
Além das charges, Frank ilustrava jornais, revistas, sites e livros. Trabalhava com projetos gráficos e de identidade visual. Resumia suas habilidades na frase "desenhar é o meu riscado".
O jornalista Gastão Cassel, 58, o conheceu em 1987. A parceria profissional se estendeu para a pessoal.
"Ele estava sempre muito alegre, fazendo piadas, mas tenso para trabalhar. Tratava cada amigo como se fosse único. Passava o dia todo procurando no noticiário o viés do dia, o diferente, onde estava o grande fato político para concentrar numa charge. As charges dele eram quase uma reportagem", diz o amigo.
Espirituoso e bem-humorado, centralizava a atenção dos demais. "Frank sorria e arrancava sorrisos. Ele era uma lição de vida", relata Patrícia.
O casal se conheceu em 1989. Na época, Patrícia namorava um amigo de Frank. O reencontro ocorreu em 2015 —ambos separados e com filhos. A amizade foi retomada e os passeios com os filhos tornaram-se frequentes. A relação evoluiu para um namoro até compartilharem a vida juntos, no final de 2016.
"Ele dizia o quanto me amava várias vezes ao dia, valorizava os momentos e colocava intensidade em tudo o que fazia. Não deixava pra amanhã o que poderia falar e fazer hoje", afirma Patrícia.
Em novembro de 2016, Frank descobriu uma cardiomiopatia dilatada, doença dos músculos do coração que leva à insuficiência cardíaca.
Frank morreu dia 5 de junho, aos 55 anos. Deixa a companheira, três filhos, um neto e duas enteadas.
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