O trabalho como radialista permitiu que Antônio Júlio Baltazar conhecesse muitos países, principalmente para cobrir Copas do Mundo e outros eventos esportivos.
Apaixonado desde criança pelo rádio, Baltazar brincava de narrador de jogos de futebol como quem prevê o próprio futuro. Nascido em março de 1938 em Tambaú, a cerca de 400 km da capital paulista, ele se mudou com a família em 1942 para Osasco, município na região metropolitana de São Paulo no qual viveria pelo resto da vida.
Para realizar o sonho de trabalhar com esporte, Baltazar estudou jornalismo e, formado, criou com o amigo Toni Marchetti uma equipe para cobrir a área no rádio, a Furacão.
O grupo passou por diversos veículos ao longo da carreira e atualmente trabalha na rádio Nova Difusora, de Osasco.
Foi como narrador e comentarista esportivo que Baltazar viajou o mundo cobrindo todas as Copas desde 1970, no México —no total, ele foi a 13 edições, e esteve presente nas conquistas do tri, do tetra e do penta.
Além do futebol, sua outra paixão foi a mulher, Maria Hilda, que morreu há três anos. O casal passou quatro décadas juntos e teve uma filha, Fátima, 37.
"Quando ele ia cobrir uma Copa ou evento esportivo, trabalhava e depois nos chamava. Íamos ao encontro dele e viajávamos juntos. Uma das grandes viagens que fizemos aconteceu após a final da Copa da França [1998]. Mesmo viajando muito, ele sempre foi muito presente na minha vida", diz a filha.
"Quando visitamos [o campo de concentração de] Auschwitz, na Polônia, o meu pai disse que aquele lugar havia representado um momento terrível na história da humanidade, mas que acreditava que todo mundo deveria saber o que aconteceu ali. Ele me criou com os pés no chão", conta Fátima.
Outras viagens incluem Grécia, Egito e Coreia —essa, durante a Copa de 2002, que rendeu o penta ao Brasil.
Baltazar também foi secretário de Comunicação das cidades de Barueri e Osasco, coordenador de Turismo do estado de São Paulo e presidente da ACEESP (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo).
Em março, Baltazar lançou o seu livro de memórias, "Malucos por rádio". A obra conta os bastidores da criação e das viagens da equipe Furacão.
O radialista morreu no último dia 22 de junho aos 84 anos em decorrência de problemas nos rins e no fígado. Ele deixa a filha, Fátima, e uma legião de amigos.
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