Descrição de chapéu transporte público

Passageiros encaram lotações e falta de informação em greve de ônibus em SP

Paralisação de motoristas afeta ao menos 15 empresas na capital, segundo a SPtrans

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São Paulo

Tereza Araújo, 56, reclamava da falta de educação e de informação em um ponto de ônibus na avenida Engenheiro Antônio Caetano Álvares, na Casa Verde, zona norte de São Paulo. Por volta das 6h20 desta terça-feira (14), ela sabia que deverá ter um longo dia.

A mulher era uma das cerca de 30 pessoas que tentavam a sorte para embarcar nos poucos e lotados ônibus que passavam por ali, em meio a uma greve de motoristas e cobradores iniciada à meia-noite.

"Se as pessoas tivessem um pouco mais de consideração, tinha dado", diz Tereza a uma mulher ao seu lado no ponto, após desistir de tentar entrar em um ônibus lotado, chance que não perdeu no coletivo seguinte. Ela iria para o terminal Barra Funda, na zona oeste, e de lá veria como chegaria à empresa onde trabalha na linha de produção na rua Estados Unidos, também na zona oeste.

Passageiros em pé e sentados em lotação cheia por conta da greve, no terminal Casa Verde, na zona norte de SP
Passageiros em lotação cheia por conta da greve, no terminal Casa Verde, na zona norte de SP - Rivaldo Gomes/Folhapress

O vigia Cícero Andrade dos Santos, 56, estava no mesmo ponto e tentava voltar para casa de seu primeiro dia de trabalho em um posto de combustíveis ali perto. E ainda iria demorar para descansar.

Santos, quando conseguisse embarcar em um ônibus, iria pegar o metrô na Barra Funda até Itaquera, na zona leste, e de lá tentaria encontrar mais duas condições até em casa, em São Mateus. "Não sei se dei sorte ou azar."

A falta de informação era a maior reclamação dos passageiros que chegavam ao terminal Casa Verde na manhã desta terca.

Um fiscal da SPtrans estava na entrada do terminal alertando as pessoas que chegavam sobre a greve e indicava o lotado ponto metros à frente, onde havia a chance de parar uma condução.

"Não sabia", afirmou o vendedores Valdemar Sales, 59, sobre a paralisação. Desolado, ele saiu reclamando em voz baixa sem saber como chegaria ao trabalho, no Butantã, zona oeste.

Luis Felipe do Amaral, 63, se preveniu e pegou o carro para buscar uma funcionária na zona norte e levá-la à empresa de suprimentos onde trabalham na Lapa, zona oeste. "Passou sobre a greve na TV e combinei com ela."

A greve afeta ao menos 15 empresas na capital, segundo a SPtrans. Em entrevista à Band na manhã desta terça, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou que 1,3 milhão de passageiros ficaram sem transporte.

O rodízio de veículos foi suspenso.

Passageiros aguardam em ponto de ônbibus na avenida Engenheiro Caetano Álvares, na zona norte de SP
Passageiros aguardam em ponto de ônbibus na avenida Engenheiro Caetano Álvares, na zona norte de SP - Rivaldo Gomes/Folhapress

A SPTrans obteve decisão liminar na Justiça do Trabalho, no dia 31 de maio, que determina a manutenção de 80% da frota operando nos horários de pico e 60% nos demais horários. A multa diária para o caso de desobediência é de R$ 50 mil.

A empresa vai pedir à Justiça a cobrança da multa, além de autuar as empresas pelo não cumprimento das viagens obrigatórias.

"A Prefeitura de São Paulo, por meio da SPTrans, lamenta a paralisação de linhas de ônibus municipais e espera que trabalhadores e empresários cheguem em breve a um acordo para que a população de São Paulo não seja ainda mais penalizada", diz em nota.

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