Polícia vai comparar DNA de adolescente para confirmar estupro de menina de 11 anos em SC

Delegada afirma que não há que se falar em sexo consentido; gravidez foi interrompida na quarta-feira, após 29 semanas

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Fábio Bispo
Florianópolis

A Polícia Civil vai analisar o material genético de um adolescente de 13 anos para confirmar se o jovem realmente foi autor do estupro contra a menina de 11 anos, de Santa Catarina, que realizou a interrupção da gravidez na noite de quarta-feira (22), em Florianópolis (SC), depois de ter o direito ao aborto legal dificultado pela Justiça catarinense.

O adolescente teria estuprado e engravidado a criança. Caso seja confirmado, ele poderá ser submetido a medidas socioeducativas.

A delegada Patrícia Zimmermann, coordenadora da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Santa Catarina, disse à Folha que a polícia não trabalha com hipóteses de sexo consentido.

Ato em frente ao Ministério Público Federal, em  São Paulo
Ato em frente ao Ministério Público Federal, em São Paulo, em protesto contra a juíza Joana Ribeiro Zimmer, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, que tentou impedir a menina de 11 anos de realizar aborto legal após ser estuprada - Bruno Santos/Folhapress


"Nós trabalhamos com a hipótese de violência presumida, que é quando a vítima é menor de 14 anos, e que é sim estupro. A lei estabelece que nesses casos é preciso analisar conduta e maturidade. Uma menina de 10 anos não tem maturidade para consentir tal ato", disse a delegada.

A Polícia Civil vai analisar o material genético coletado do feto para comparar com "as pessoas de convívio com a criança", segundo a delegada, informando que, apesar de as investigações serem conclusivas sobre a autoria do ato que engravidou a criança, a possibilidade do exame de DNA "não deixará dúvidas".

"Por mais que ele tenha assumido ter praticado o ato, a possibilidade do exame é uma ferramenta que temos para ter esta confirmação", afirmou Zimmermann. A confirmação do exame de DNA pode levar mais de 30 dias.


O procedimento foi realizado no mesmo hospital que negou a realização do aborto legal quando a menina chegou relatando estupro. Ela estava com 22 semanas e dois dias de gravidez e, segundo a equipe médica de plantão, o procedimento só poderia ser realizado após as 20 semanas por força de decisão judicial.

Após ficar 40 dias afastada da família e impedida de realizar o aborto, a menina conseguiu interromper a gravidez com 29 semanas de gestação.

O adolescente investigado vai aguardar a conclusão das investigações antes de qualquer sanção, informou a delegada.​

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