Policiais são suspeitos receber propina para liberar dono de loja de relógios investigado em SP

Promotoria apura se agentes e um delegado de Osasco levaram R$ 170 mil para ajudar empresário alvo de operação

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São Paulo

Oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos nesta sexta (3) contra policiais civis e dois advogados suspeitos de receber propina para não prenderem o dono de uma loja de relógios de luxo que foi alvo de uma operação no shopping Cidade Jardim, na capital paulista, em janeiro.

Os mandados foram expedidos pela 4ª Vara Criminal de Osasco e cumpridos na capital, em Barueri e em Osasco, onde a propina teria sido combinada dentro do 6º DP (Distrito Policial). Entre os suspeitos está o delegado Jorge Batista Godoy, titular do DP, que também foi alvo da operação.

A nova operação está a cargo do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público de São Paulo, e da Corregedoria da Polícia Civil. Os investigadores apuram se os agentes teriam recebido R$ 170 mil para liberar o dono da loja e não apreender os relógios roubados encontrados no estabelecimento.

Relógios apreendidos em operação da Promotoria de São Paulo com a Corregedoria da Polícia Civil
Relógios apreendidos em operação da Promotoria de São Paulo com a Corregedoria da Polícia Civil - Ministério Público de São Paulo

De acordo com o Ministério Público, a propina foi negociada em janeiro deste ano dentro do 6º DP em Osasco por dois advogados acionados pelos policiais civis.

O 6º DP e o escritório dos advogados suspeitos de envolvimento no esquema estão entre os endereços alvos de busca e apreensão. Os nomes dos alvos não foram divulgados. A Promotoria diz que a operação foi acompanhada por representantes da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

A detenção do empresário, que também não teve o nome divulgado, era resultado da operação Diamante de Sangue, deflagrada no dia 26 de janeiro e que apurava a venda de relógios supostamente roubados na loja Royale Watches. Na ocasião, 14 mandados de busca e apreensão foram cumpridos na cidade de São Paulo, no interior do estado e em Minas Gerais.

Até o dia 5 de fevereiro, mais de 20 pessoas haviam procurado o Ministério Público para saber se eram donas de algum dos relógios apreendidos. O Ministério Público, na época, não informou o número total de apreensões nem quantas pessoas comprovaram a origem deles.

Procurada para comentar a suspeita sobre agentes da polícia, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo não respondeu até a publicação deste texto. A reportagem telefonou para o 6º DP, mas não conseguiu falar com o delegado Godoy.

Em nota, o shopping Cidade Jardim diz que encerrou o contrato com a loja em 8 de fevereiro e "desde então não possui nenhum relacionamento com o estabelecimento".

A Royale Watches disse à reportagem que ficou sabendo da operação Haalapenz por meio de veículos de imprensa e que não tem "ciência formal das investigações". A empresa afirma não ter praticado qualquer ato ilícito, "seja em relação à venda de relógios, seja no curso da investigação criminal".

"Havendo intimação pelas autoridades, os fatos serão esclarecidos e a empresa confia na Justiça, que certamente reconhecerá a inocência de seu proprietário, que continua colaborando com as investigações", diz em nota.

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