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Prefeito e governador descartam aumento na tarifa de transporte em SP neste ano

Ricardo Nunes (MDB) diz que subsídio às empresas de ônibus pode passar de R$ 4 bi para compensar alta com combustível e salário

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São Paulo

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou nesta quinta-feira (30) que não haverá aumento da tarifa dos transportes na cidade de São Paulo neste ano, seguindo em R$ 4,40. A declaração foi feita um dia após a greve de motoristas e cobradores que parou 675 linhas de ônibus.

O governador Rodrigo Garcia (PSDB), que é candidato a reeleição, também afirmou que as tarifas do metrô e da CPTM também não vão aumentar.

Segundo Nunes, o subsídio, que chegou a R$ 3,3 bilhões em 2021, será ampliado em 2022, por causa dos gastos com combustível e folha salarial das empresas —a previsão é de que passe de R$ 4 bilhões.

"Conversei ontem com o governador Rodrigo Garcia (PSDB). Ele não vai aumentar o trem e o metrô, e a Prefeitura de São Paulo não fará aumento da tarifa neste ano", disse.

Trânsito intenso e em alguns trechos com o pavimento quebrado e esburacado na estrada do Iguatemi, na zona leste de São Paulo - Rubens Cavallari - 27.jun.2022/Folhapress

Nunes afirmou que já são dois anos sem aumento da passagem, apesar dos reajustes nos combustíveis, por exemplo. Ele disse que o novo valor do subsídio depende muito de como vai ser o custeio e o volume de passageiros ao longo do ano, mas aponta para um acréscimo substancial no repasse de recursos. "A gente imagina que deva passar de R$ 4 bilhões neste ano", disse.

O prefeito disse que só o aumento nos salários de motoristas e cobradores, acordado após a primeira paralisação em 14 de junho, tem um impacto de R$ 300 milhões no subsídio repassado às empresas.

Segundo Nunes, a manutenção da tarifa e o encarecimento dos custos de transporte levam a um repasse maior. "Evidentemente, teremos que aportar mais recursos de subsídio, como o estado vai fazer com o Metrô também, né? Porque o Metrô é uma empresa não dependente e vai passar a ser dependente, porque vai ter que ter recurso do governo para manter a tarifa", explicou.

Nunes disse também que a ação conjunta da prefeitura e do estado para manter o valor da tarifa é uma política pública. "Porque tem uma retomada econômica, São Paulo está gerando empregos, mas temos muitos desempregados. Na capital, temos 800 mil desempregados, 11% do público ativo procurando empregos", disse.

Nesta quinta (30), em entrevista à Rádio Eldorado, Rodrigo afirmou que não haverá reajuste nas tarifas do Metrô e da CPTM. "Vamos manter as tarifas nos preços atuais até o final do ano, também como um esforço do estado para que a gente evite repassar a alta de custos para o consumidor", disse.

Garcia afirmou ainda que houve aumento na tarifa da energia elétrica, com impacto nos custos de operação dos trens e do metrô. Mas, segundo ele, o governo estadual tem mantido repasses feitos desde o início da pandemia.

Já o custo do diesel representa na capital paulista aproximadamente 20% do custo total que compõe a tarifa dos ônibus, daí o impacto causado nas planilhas das empresas decorrente do aumento do preço dos combustíveis.

Caso a Prefeitura de São Paulo não concedesse o subsídio para compensar os gastos com o sistema, por exemplo, a passagem custaria atualmente R$ 7,40.

A previsão de um subsídio recorde para o transporte público na capital paulista vem na esteira de uma crise nacional no setor, que tem levado a paralisações, suspensões dos serviços e devolução de linhas por parte de empresas.

Na última semana, a NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) voltou a cobrar medidas efetivas para a estabilização do preço do diesel, sob risco do serviço de transporte público ser descontinuado em parte das cidades. Segundo a entidade, são realizadas em todo o Brasil cerca de 43 milhões de viagens diariamente, atendendo principalmente a população de menor poder aquisitivo.

Além do custo dos combustíveis, a lenta recuperação do número de passageiros transportados em relação ao período anterior à pandemia também tem afetado os sistemas de transporte público das cidades brasileiras.

Na capital paulista, por exemplo, o volume d​e passageiros transportados em maio deste ano foi 22% menor do que em igual período de 2019, antes da chegada da Covid-19 ao Brasil.

Greve

Sobre a nova paralisação dos motoristas e cobradores, ocorrida nesta quarta (29), Nunes voltou a criticar o Sindmotoristas, que representa a categoria. "Fica uma experiência para a cidade de São Paulo, para todos os paulistanos, um aprendizado para esse sindicato e outros sindicatos de que não dá para aceitar irresponsabilidades. O que aconteceu ontem foi uma irresponsabilidade, um desrespeito com a cidade, uma falta de comprometimento com a coisa pública, que não se espera de um sindicato."

Na quarta (29), o Sindmotoristas já havia se manifestado contra declarações do prefeito em relação à greve. "Primeiramente, cabe dizer que o prefeito tem agido covardemente, pois sempre terceiriza a sua responsabilidade em dialogar com o sindicato e reconhecer a essencialidade dos trabalhadores em transportes que estão legitimamente reivindicando os seus direitos. Outros ataques partidos do prefeito são levianos", afirmou na ocasião o presidente em exercício da entidade, Valmir Santana da Paz, o Sorriso.

Após a determinação judicial para que motoristas e cobradores retornassem ao trabalho, lideranças do movimento apontaram uma vitória com a paralisação.

"Saímos vitoriosos. É histórico você receber 100% das horas-extras", afirmou o presidente licenciado do Sindmotoristas, Valdevan Noventa, citando uma das conquistas.

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