Mesmo debaixo de chuva, 18 grupos religiosos realizaram na manhã deste sábado (18) em São Paulo um evento ecumênico dedicado à defesa da liberdade religiosa e a participação de grupos LGTBQIA+ nas diversas igrejas e representações religiosas do país.
O chamado Bloco da Fé foi realizado no largo do Arouche, região central da capital paulista, e começou às 10h com a participação de judeus, budistas, cristãos e seguidores de religiões de matrizes africanas.
Diversos evangélicos participaram do encontro. "Não compactuamos com projetos que falam de cura gay. Acreditamos em um Jesus que chora para cada LGBT que sofre violência. Cremos num Deus que ama e que age junto e por meios das pessoas LGBT+", disse Marico, que é membro do grupo Evangélicas pela Igualdade de Gênero.
Em um dos momentos mais simbólicos, um participante discursou sobre o preconceito contra quem portadores do vírus HIV. "Quero fazer uma partilha com vocês, dar voz àquelas e àqueles que são silenciados, àqueles e àquelas que não têm a oportunidade de tomar seus antirretrovirais", disse David Oliveira, da igreja Cristã Head80.
Ele então colocou um comprimido na boca. "Eu estou aqui representando o corpo do Cristo positivo, do Deus positivo, o corpo daqueles e daquelas que ainda morrem de Aids. Um brinde a vida e um brinde ao SUS". Todos os outros participantes aplaudiram o ato.
Os grupos começaram a chegar ao local às 9h, sempre carregando objetos típicos de suas respectivas religiosidades. As imagens e oferendas foram colocados sob bandeiras multicoloridas, aludindo ao movimento LGBTQIA+. O ato foi realizado um dia antes da Parada do Orgulho Gay LGBT+ de São Paulo
Participaram do encontro cerca de 50 pessoas. Antes da cerimônia, um dos organizadores do evento explicou a ausência de vertentes evangélicas mais conservadoras.
"As denominações evangélicas mais conservadoras, acho que a participação de seus integrantes ficam mais complicada de estarem presentes, até porque está muito forte na própria doutrina da religião negar a homossexualidade, muitas vezes você nem pode participar da religião se se declara homossexual" disse Luiz Fernando Nogueira Oliveira, 40, que frequenta a igreja Nossa Senhora do Carmo, em Itaquera.
Além da representação por meio de objetos, foi pedido que cada grupo usasse as roupas típicas de suas cerimônias religiosas. A ideia era que o público, ao chegar, "compreendesse de imediato que se trata de um evento dedicado a multiplicidade de fés".
Cada congregação falou por até dois minutos para cada uma das representações. "Este é um momento de expressar a importância de uma pluralidade religiosa, a importância de estarmos juntes naquele momento e a relevância de uma religiosidade que acolhe a população LGBTI+ e toda e qualquer diversidade", dizia a cartilha online distribuída aos participantes do evento.
VEJA GRUPOS QUE PARTICIPARAM DO ATO
MOPA - Movimento Pastoral LGBT Marielle Franco
GAPD - Grupo de Ação Pastoral da Diversidade
ICM - Igreja da Comunidade Metropolitana
Núcleo Madalenas de Mulheres Católicas LBT
Rainbow Sangha Brasil - Budismo LGBTIA+
Família Strongher
Koinonia - Inclusão Metodista
Evangélicas pela Igualdade de Gênero
Coletivo Doses de Vida
Coletivo judaico LGBTQIA+ Gavaah
RENAFRO - Rede Nacional de Religiões Afro-brasileiras e Saúde
Federação de Umbanda
Movimento Espiritismo e Direitos Humanos
Ordem Ecumênica da Diversidade
Católicas pelo direito de Decidir
Catedral Anglicana da Santíssima Trindade
Evangélicos pela Diversidade
Espíritas Plurais
A igreja da Vila
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