Bolsonaro lamenta morte de cabo em operação e compara Rio a filme de cowboy

Operação deixou 17 mortos; presidente aproveitou episódio para criticar decisão do STF

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (PL) lamentou a morte do cabo Bruno de Paula Costa em operação no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (21).

A ação durou cerca de 12h e deixou ao menos 17 mortos. Representantes das corporações afirmaram, em entrevista a jornalistas, que esse é um balanço parcial. Os corpos ainda estão sendo identificados pela Polícia Civil.

Bolsonaro aproveitou o episódio para criticar a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), de que apenas operações excepcionais podem ocorrer no estado enquanto durar a pandemia, e comparou o Rio de Janeiro a filmes de cowboy.

Homem é levado em lençol
Homem é carregado por moradores após operação policial no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio - Eduardo Anizelli/Folhapress

Em nota, o Ministério Público do Rio de Janeiro disse que acompanhou a operação policial para a "adoção das providências cabíveis". O órgão foi comunicado da operação pela Polícia Militar às 5h40.

"Fato lamentável lá do Rio de Janeiro, o cabo bruno de Paula Costa faleceu. Vitimado aí por confronto com bandidos", disse Bolsonaro, em sua transmissão semanal nas redes sociais.

O presidente estava com a foto do policial em mãos e disse ter se emocionado da notícia do "colega paraquedista".

As policiais disseram que das 17 mortes, 15 foram em confronto. O cabo foi baleado enquanto estava trabalhando, em ataque à base da UPP Nova Brasília.

Ele ingressou na polícia em 2014, era casado e deixa dois filhos com diagnóstico de transtorno do espectro autista.​

O presidente relembrou da decisão do Supremo sobre restringir operações em comunidades, e disse que a "bandidagem cresce" e a Polícia Militar fica com "dificuldade para combater esses marginais".

"É algo parecido quando a gente via filme de cowboy no passado, quando alguém cometia um crime nos Estados Unidos e ele fugia. Quando chegava no México, a patrulha americana não podia entrar naquele estado, e ele tava em paz no México. A mesma coisa acontece no Rio de Janeiro", disse o presidente.

"Nessas áreas protegidas no Supremo Tribunal Federal, quanto mais protegido, melhores armados vão ficando e quando entram em ação o lado de cá, lado da lei, por muitas vezes sofre baixas como aqui do prezado paraquedista cabo de Paula", completou, prestando seus sentimentos aos familiares do policial.

A ação, que começou no início da manhã, contou com 400 policiais do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) da Polícia Militar e da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) da Polícia Civil. Também foram utilizados dez blindados e quatro helicópteros.

Comandante do Bope, o tenente-coronel Uirá Nascimento afirmou que a operação foi necessária porque dados de inteligência indicaram que a quadrilha poderia se movimentar e cometer ações criminosas na cidade, como invasão de outras favelas e roubo a bancos.

Segundo ele, os bandidos estavam arregimentados com fardas militares similares às utilizadas pela Polícia Militar e pela Polícia Civil para cometer atentados.

A operação mais letal no estado ocorreu em maio de 2021, na favela do Jacarezinho. Foram mortas 28 pessoas, sendo um policial civil.

Em maio, operação policial na Vila Cruzeiro, a segunda mais letal, resultou na morte de 23 pessoas. A favela é vizinha ao Alemão, alvo da ação desta quinta-feira.

A Defensoria Pública do Rio de Janeiro e a Ordem dos Advogados do Brasil no estado pediram que o governo do estado reduza em 70% as mortes por intervenção policial no prazo de um ano. As propostas foram encaminhadas ao Palácio Guanabara em junho.

Ao fim de maio, o ministro do STF Edson Fachin decretou que o Governo do Rio de Janeiro ouvisse, em um prazo de 30 dias, o Ministério Público, a Defensoria Pública e o Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil para concluir o plano de redução da letalidade policial no estado.

Erramos: o texto foi alterado

Dezessete pessoas morreram na operação policial realizada no Complexo do Alemão, não 18, como a polícia havia dito nesta quinta.

 

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