Bolsonaro volta a defender remédio sem eficácia e é aplaudido por médicos

Dois dias após PGR pedir arquivamento de apurações da CPI da Covid, presidente fala em tratamento precoce e critica contratos de vacinas

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a defender, nesta quarta-feira (27), o uso de remédios sem eficácia contra a Covid-19 e foi aplaudido por uma plateia de médicos.

Em discurso no Conselho Federal de Medicina dois dias após a PGR (Procuradoria-Geral da República) pedir o arquivamento da investigação aberta a pedido da CPI da Covid devido à propaganda do presidente em favor da hidroxicloroquina, o chefe do Executivo afirmou que "teve uma experiência muito forte de interferência na autonomia médica" na pandemia.

No palco Jair Bolsonaro coloca a mão na boca ao tossir
O presidente Jair Bolsonaro (PL) durante evento em São Paulo na última segunda (25) - Danilo Verpa - 25.jul.2022/Folhapress

O mandatário disse que tomou os medicamentos que compunham o chamado tratamento precoce contra o coronavírus, cuja eficácia não foi corroborada por pesquisas científicas, e que acredita que ficou curado por isso. "No dia seguinte estava bom. Se foi em função disso ou não… Para mim foi", declarou.

A CPI tinha solicitado que o presidente fosse indiciado sob suspeita da prática dos crimes de charlatanismo. A PGR pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal), no entanto, que o caso fosse arquivado sob o argumento de que Bolsonaro "acreditava sinceramente" que os remédios podiam ser eficazes.

Bolsonaro também retomou as críticas a cláusulas de contratos para compra de vacinas pelo fato de as empresas não se responsabilizarem por efeitos colaterais e se lembrou de quando citou que uma pessoa poderia "virar jacaré" caso fosse imunizada.

"O mundo caiu na minha cabeça, figura de linguagem não pode usar mais", reclamou. Ele mencionou que há "pessoas ressabiadas" com as vacinas contra a Covid e que deu liberdade para a população escolher se queria receber a injeção.

O presidente foi aplaudido no momento em que criticou os senadores Omar Aziz (PSD-AM) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), presidente e vice da CPI da Covid, e Renan Calheiros (MDB-AL), relator da comissão.

Bolsonaro disse que poderia ter "acabado rapidinho" com a CPI caso tivesse aceitado uma proposta que autorizava estados a comprarem vacinas que não tinham aval da Anvisa e sem licitação. "Quem pagava a conta era eu. Não aceitamos isso aí e me acusaram no final de charlatanismo", declarou.

O presidente voltou a criticar o Supremo e disse que o Judiciário "está legislando bastante nesses últimos três anos".

Bolsonaro estava acompanhado do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. A reunião foi fechada, mas o presidente transmitiu seu discurso nas redes sociais. Queiroga afirmou que foram discutidas "políticas públicas de saúde" e a "importância do sistema único de saúde".

O ministro citou a preocupação com a varíola dos macacos e disse que o governo federal está adotando todas as providências necessárias.

Até esta terça (26), o Brasil já registrava 813 casos confirmados da doença, segundo o Ministério da Saúde, e é o sexto país com mais ocorrências. A líder técnica para varíola dos macacos da OMS (Organização Mundial da Saúde), Rosamund Lewis, declarou em entrevista coletiva que "a situação do Brasil [para a doença] é preocupante".

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