Descrição de chapéu datafolha

Datafolha: Paulistas temem mais assalto, e bala perdida é o maior medo em RJ e MG

Risco de ser assassinado assombra 4 em cada 5 moradores dos três estados, mostra pesquisa; violência policial também preocupa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Moradores dos três estados mais populosos do Brasil estão amedrontados, e pelos mais diversos motivos. Dos crimes contra o patrimônio em São Paulo ao medo de ser atingido ou ter parentes vítimas de bala perdida no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, a maioria absoluta de quem vive nessas regiões têm sensação de insegurança generalizada, segundo o Datafolha.

Em São Paulo, 87% dos paulistas disseram ter "muito medo" ou "um pouco de medo" de serem roubados, assaltados ou sofrerem furtos em casa ou na rua, mesmo percentual daqueles que disseram temer que objetos pessoais de valor sejam tomados à força por outras pessoas em um roubo ou assalto.

Grupo Labjaca protesta contra a morte de 28 moradores da favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro - Eduardo Anizelli - 5.mai.2022/Folhapress

Já no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, o principal medo é de ser vítima ou ter algum parente vítima de bala perdida (91% e 83%, respectivamente).

Segundo o Datafolha, também é grande o número de pessoas que temem ser assassinadas nos três estados (praticamente 4 em cada 5).

Diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno afirma que a sensação de insegurança, manifestada pelo medo, não está relacionada necessariamente aos indicadores de criminalidade. "Muito se fala que São Paulo reduziu em 80% o número de homicídios nos últimos 20 anos, mas a sensação de insegurança é elevadíssima. Ou seja, uma coisa não está relacionada à outra."

Sobre os crimes contra o patrimônio serem aqueles que mais causam medo nos paulistas, Samira diz que é algo coerente com a dinâmica do estado, por ser algo espalhado por todos os lugares. "Não é mais um tipo que se concentra nas classes média e alta ou em bairros nobres. A expectativa de ser furtado ou roubado é algo que está no dia a dia de quem vive em qualquer cidade ou área do estado de São Paulo", diz.

Segundo a diretora do Fórum, a sensação pode ter crescido nos últimos meses porque, no início da pandemia, houve uma redução significativa nos furtos e assaltos pela menor circulação de pessoas. Assim, na comparação com período recente, a percepção de insegurança hoje fala mais alto.

"De 2021 para cá, [crimes contra o patrimônio] estão todos em elevação. E pouco importa se estão mais elevados ou não do que no período pré-pandemia. O fato é que a experiência com o crime contra o patrimônio era uma em 2020 e, em 2021, 2022, é outra. Com isso, se intensificam outras formas de violência, de criminalidade", explica.

O Datafolha também aponta que mais de 4 em cada 5 moradores dos três estados temem ter o celular furtado ou roubado. Esse tipo de crime se tornou mais comum no último ano, com o retorno das pessoas às ruas e os golpes envolvendo transferências por Pix.

Entre os moradores do Rio de Janeiro, o maior medo é de ser vítima ou ter um parente vítima de bala perdida, chegando a 91% na soma entre aqueles que têm "muito medo" e "um pouco de medo". "Porque faz parte da rotina esse conflito entre grupos criminosos e entre a polícia e esses grupos. Morre criança, morre gente dentro de escola e de posto de saúde", diz Bueno.

Sobre a bala perdida ser também o principal temor em Minas Gerais, mesmo que essas ocorrências não sejam tão frequentes no estado, a especialista diz que a cobertura da imprensa no Rio e em São Paulo podem ter alguma influência sobre a percepção.

O medo de ser vítima de agressão sexual varia entre 70% (Minas Gerais) e 74% (Rio de Janeiro e São Paulo) no geral, mas é expressivamente mais alto entre as mulheres. Praticamente 9 em cada 10 questionadas pelo Datafolha afirmaram ter esse temor.

A preocupação com o risco de agressão sexual também tem um recorte socioeconômico. Em São Paulo, por exemplo, chega a 79% entre as pessoas com renda de até dois salários mínimos, ante 58% daquelas que ganham 10 salários mínimos ou mais.

Polícia

Nem sempre são os bandidos comuns que geram medo entre a população. Outro dado que se destaca é a apreensão que moradores de Rio de Janeiro (74%), São Paulo (68%) e Minas Gerais (64%) têm de serem vítimas de violência praticada pela Polícia Militar.

Em São Paulo, por exemplo, esse medo é maior entre pretos (77%) do que entre brancos (64%). Também chamam a atenção os 25 pontos percentuais que separam quem ganha até dois salários mínimos daqueles que recebem mais de 10 salários mínimos (73% e 48%, respectivamente).

"São eles que sofrem a violência, então me parece aderente com a realidade em alguma medida", afirma a diretora-executiva do Fórum. "A experiência [dessa parcela da população] com a polícia é completamente diferente", explica.

O espectro político também influencia na percepção que se tem da PM. Em São Paulo, por exemplo, pessoas que declararam voto em Lula (78%) também têm mais medo de violência policial que aqueles que dizem que vão optar por Bolsonaro (53%) nas urnas.

Em São Paulo o Datafolha ouviu 1.806 pessoas com 16 anos ou mais em 61 municípios, entre os dias 28 e 30 de junho. O levantamento foi registrado no TSE com os números SP-02523/2022 e BR-01822/2022.

No Rio de Janeiro a pesquisa foi realizada entre os dias 29 de junho e 1º de julho, com 1.218 pessoas com 16 anos ou mais, em 32 cidades. Ela foi registrada com os números RJ-00260/2022 e BR-03991/2022.

Em Minas Gerais foram entrevistadas 1.204 pessoas com 16 anos ou mais, em 52 municípios, entre os dias 29 de junho e 1º de julho. O levantamento foi registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com os números MG-07688/2022 e BR-08684/2022.

Veja outros dados da pesquisa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.