Delegacias no Rio terão núcleos de atendimento à mulher, diz governo

Medida foi anunciada para combater feminicídios; atualmente, crimes de gênero são investigados por 14 delegacias específicas no estado

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Rio de Janeiro

As delegacias de investigação de homicídio da Polícia Civil do Rio de Janeiro terão núcleos especializados de atendimento às mulheres, anunciou nesta quinta-feira (28) a delegada e diretora geral do departamento de proteção à mulher, Gabriela Von Beauvais, no Palácio Guanabara.

Atualmente, registros de ocorrência de crimes específicos contra mulheres são investigados nas 14 Deams (Delegacias de Atendimento à Mulher) em funcionamento em diferentes regiões do estado.

A medida, segundo Von Beauvais, faz parte de um pacote do governo do estado para combater crimes de feminicídio e outros tipos de violência de gênero. De acordo com a delegada, 920 policiais militares já foram capacitados para trabalhar nos núcleos.

Manifestação pelo Dia da Mulher, em São Paulo - Bruno Santos - 8.mar.2022/Folhapress

Atualmente, o número de mulheres do efetivo policial nas delegacias corresponde a 14%. Na Polícia Militar, são 10%.

"A gente sabe que o feminicídio não é o primeiro crime, ele é a ação fatal do agressor. É importante que as mulheres façam registro das ocorrências, porque ela pode ocorrer também nos âmbitos patrimonial, psicológico e moral. E ela precisa ter o poder público ao lado para que seja encorajada a fazer um registro e a violência seja avaliada no primeiro indício", afirmou, em entrevista à imprensa.

Segundo dados do ISP (Instituto de Segurança Pública), dos 55 feminicídios registrados no primeiro semestre de 2022, apenas 18% das vítimas tinham registros contra seu agressor.

Conforme dados das polícias Civil e Militar, os crimes contra a mulher se mantêm em primeiro lugar no ranking de ligações e acionamentos do 190 —foram 25.684 atendimentos entre janeiro e maio, 24,5% do total. Em segundo lugar aparece o crime de ameaça, com 12,9%.

Em média, são feitos 169 atendimentos relativos a crimes contra a mulher na região metropolitana por dia, a maioria aos finais de semana e no período noturno.

Além da criação dos núcleos, o aplicativo 190 poderá ser acionado de forma sigilosa por mulheres que fazem parte de programas de proteção à vítima. O "botão de emergência", contudo, ainda está em fase de testes e não tem data para ser implementado.

Coordenadora da Patrulha Maria da Penha, a tenente-coronel Claudia Moraes afirma que, entre agosto e setembro, equipes vão atuar nas delegacias para orientar sobre o combate a crimes contra a mulher. Das 43 mil mulheres atendidas desde 2018 pela patrulha, 36 mil integram o programa de proteção à vítima, diz a tenente-coronel.

"Nós sabemos que um dos desafios é que o serviço chegue a todas as mulheres, principalmente nas favelas, nas áreas de milícias e a mulheres indígenas e quilombolas, e a atuação policial não pode piorar a vida dessa mulher. Por isso a forma como ela vai ser encaminhada no primeiro momento faz a diferença", diz. " É fundamental que todos estejam atentos e que essas mulheres não sejam julgadas, e sim, acolhidas."

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