Descrição de chapéu Rio de Janeiro

'É isso o que o governador tem pra gente?', questiona filha de pastora morta no Alemão

Letícia Marinho Sales, 50, passava de carro em uma avenida quando foi baleada; ação na quinta deixou 18 mortos

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Rio de Janeiro

Familiares das vítimas da operação policial desta quinta-feira (21) que terminou com 17 mortos no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, foram ao IML (Instituto Médico-Legal) na manhã desta sexta-feira (22) reconhecer os corpos de parentes.

O clima era de tristeza e revolta. Representantes da Defensoria Pública e da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) estavam no local dando suporte às famílias.

Jéssica Sales, 30, filha de Letícia Marinho Sales, 50, atingida por um tiro enquanto passava de carro com a família pela avenida Itaoca, definiu a ação da polícia como covarde e despreparada. A via é um dos principais acessos ao complexo de favelas do Alemão.

Jéssica Sales, 30 (no centro), filha da pastora Letícia Marinho Sales, 50, concede entrevista em frente ao IML, no Rio de Janeiro - Mariana Moreira/Folhapress

"Neste momento é só dor, revolta e injustiça pelo que fizeram com a minha mãe. Ela foi covardemente alvejada sem transmitir nenhum tipo de perigo para os policiais", disse a filha da vítima. A família ainda se recuperava da morte da avó, há 12 dias.

Sales contou que a mãe estava dentro de um carro indo para casa após passar uma noite na residência de amigas na Vila Cruzeiro, na Penha.

Letícia Sales era pastora e mantinha uma pensão em que produzia e vendia quentinhas. Ela nasceu na Vila Cruzeiro, onde passou grande parte da vida. Atualmente, morava com Jéssica e a outra filha, Jenifer Sales, 32, no bairro do Recreio, na zona oeste. A vítima deixa duas netas.

"Minha mãe era uma pessoa que só se prestava a ajudar. Eles acham que todo mundo que mora na comunidade é marginal. A gente não mora ali porque a gente gosta, a gente mora ali porque não dá pra pagar IPTU, IPVA, aluguel e as outras contas. É isso que o governador tem pra gente? Eu quero saber os responsáveis. Eu cobro do governador Cláudio Castro, o que ele vai fazer?", questionou a filha.

O enterro de Letícia Sales está programado para este sábado (23), às 11h30, no Cemitério São Francisco Xavier (Caju).

Em nota, a gestão estadual afirmou que o governador Cláudio Castro "lamenta profundamente o falecimento de Letícia Marinho Salles".

"As circunstâncias da morte estão sendo investigadas pela Polícia Civil. O Estado, por meio da Secretaria de Assistência à Vítima, está apoiando a família de Letícia no que for necessário", disse o governo no comunicado.

Ainda segundo a nota, a pasta agilizou a remoção do corpo da UPA do Alemão para o IML. "Uma equipe da Seavit foi destacada para continuar o apoio, inclusive auxiliando no sepultamento, que será amanhã no cemitério do Caju."

Na manhã desta sexta-feira (22), um dia após a operação, mais uma mulher foi baleada e morreu no Complexo do Alemão.

Solange Mendes da Silva foi levada para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, mas não resistiu. Segundo a polícia, a vítima foi encontrada ferida depois de um ataque a uma das bases da UPP Nova Brasília por criminosos.

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