Laudo aponta veneno em jovem exumada no Rio e reforça suspeita contra madrasta

Exames detectaram a presença de chumbinho no corpo de enteada que morreu em março; defesa nega crime

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Rio de Janeiro

O laudo de exumação de Fernanda Carvalho 22, morta em março no Rio de Janeiro, apontou a presença de chumbinho, tipo de veneno para ratos, no corpo. A polícia investiga se a jovem foi envenenada pela madrasta, Cíntia Mariano Dias Cabral, que está presa desde maio.

O resultado da exumação foi divulgado pela polícia na segunda-feira (4). A polícia também apura se ela tentou envenenar o irmão de Fernanda, Bruno Cabral, 16, que chegou a ser hospitalizado após passar mal, mas teve alta. Outro laudo detectou sinais de veneno também no corpo de Bruno.

Procurado para comentar o resultado do exame, o advogado de Cíntia, Carlos Augusto Santos, não atendeu às ligações da reportagem nesta quarta (6). Em outras ocasiões, a defesa declarou que ela nega todas as acusações.

Selfie de mulher branca de cabelo castanho em um barco
Fernanda Cabral, 22, que morreu em março; madrasta foi presa suspeita de ter matado envenenada no Rio - @ffernandacarvalho no Instagram

De acordo com o delegado do caso, Flávio Rodrigues, da 33ª DP (Realengo), a morte por envenenamento foi comprovada a partir da análise da exumação.

Agora, a polícia trabalha para concluir o inquérito e solicitar a prisão preventiva de Cíntia ao Ministério Público nos próximos dias. Por enquanto, a suspeita cumpre prisão temporária na penitenciária de Bangu.

"O documento finaliza essa parte do inquérito", disse Rodrigues.

Já sobre o resultado do exame no irmão de Fernanda, a defesa disse nesta terça (5) que o laudo é inconclusivo.

"Geralmente, a responsabilidade desses exames é do IML, mas dessa vez foi feito um procedimento diferente, fora do órgão competente. A própria perícia já havia concluído que não havia risco no primeiro laudo, feito menos de 24 horas da internação do Bruno. O primeiro laudo deu negativo", declarou o advogado.

A defesa também afirmou que a prisão temporária é desnecessária, já que Cíntia colabora desde o início com a investigação.

Mulher algemada loira de camisa branca é ao lado de policiais na porta da delegacia
Cíntia Mariano Dias Cabral, no dia da prisão, em maio, no Rio - Lucas Tavares-30.mai.22/Agência O Globo

Cíntia está presa desde 20 de maio. A suspeita de que Fernanda tenha sido morta por envenenamento foi levantada pela mãe da jovem após o filho de 16 anos voltar da casa da madrasta passando mal, em 15 de maio.

O adolescente apresentava os mesmos sintomas que levaram Fernanda a ser hospitalizada, em 15 de março. Ela sentia dores no peito, dor de cabeça, língua e boca dormentes e passou 12 dias internada até o dia da morte, em 27 de março, por infecção generalizada.

Na época, a morte não gerou questionamentos e o corpo foi sepultado sem suspeita.

O adolescente de 16 anos se sentiu mal após participar de um almoço na casa do pai. Ele diz ter encontrado pequenas bolas azuis no feijão servido pela madrasta.

Na época, o hospital Albert Schweitzer diagnosticou uma intoxicação exógena e alertou a Polícia Civil. Em seguida, houve uma busca na casa da madrasta e do pai deles, onde foi encontrado um pacote de chumbinho.

Cíntia Mariano também ofereceu comida à mãe de Fernanda e Bruno, a autônoma Jane Carvalho, durante o período de internação da jovem.

A autônoma conta que a madrasta visitou Fernanda por 13 dias e sempre oferecia algo para comer. No entanto, ela disse que não aceitava o alimento porque se sentia triste e sem apetite.

Jane Carvalho também foi procurada pela reportagem nesta quarta, mas não respondeu.

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