Descrição de chapéu Obituário Maria Helena Babadobulos Monteiro (1948 - 2022)

Mortes: Dedicou a vida à família e se despediu antes de morrer

Maria Helena Babadobulos Monteiro teve uma juventude com muitas responsabilidades

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São Paulo

Maria Helena Babadobulos Monteiro, mais conhecida como Mani, dedicou a vida à família. Nascida em São Paulo em 1948, ela ajudou a mãe a criar as irmãs mais novas e criou seus três filhos sozinha após a morte precoce do esposo.

Mani morreu no último dia 10, aos 74 anos, devido a complicações causadas por um câncer na boca, mas teve a oportunidade de se despedir dos três filhos e dos três netos.

Maria Helena Babadobulos Monteiro (1948 - 2022)
Maria Helena Babadobulos Monteiro (1948-2022) - Arquivo pessoal

"Ela tinha muito receio de deixar os filhos, porque ela viveu para nós. A partir do diagnóstico ela começou a entender que não seria fácil superar a doença. Fazia tempo que ela não nos via juntos porque nós revezávamos para ficar com ela no hospital durante a internação. Na quinta-feira (7), ela abraçou cada um de nós e disse que nos amava. Eu disse a ela que eu e meus irmãos estaríamos sempre juntos", diz a filha Tatiana Babadobulos.

A vida de Mani não foi fácil. Segunda mais velha de oito irmãos (quatro mulheres e três homens), ela precisou ajudar a cuidar das irmãs mais novas. Não tinha a liberdade de escolher o que fazer com seu tempo por causa das responsabilidades compartilhadas com a mãe. Quando mais nova, nem sequer podia ler os livros que quisesse sem a autorização da mãe, que lia todos os exemplares antes de liberar ou não um livro.

Monteiro Lobato estava na lista dos proibidos. Era considerado "comunista demais" pela mãe de Mani.

Mais velha, Mani quis ser jornalista, mas foi impedida pela mãe, que temia pela filha por causa da ditadura militar. No lugar do jornalismo, a mãe matriculou a filha em um curso livre de desenho na FAAP. Algum tempo depois, ela entrou no curso de artes plásticas, na mesma instituição. Foi lá que conheceu o esposo, José Ismael, estudante de engenharia civil.

Os dois namoraram por cerca de quatro anos até se casarem em 1972. O primeiro filho veio no ano seguinte. Mani abandonou o curso no último ano e se tornou dona de casa.

Ela desenhava as plantas dos projetos que o marido criava.

Com a morte do marido por um ataque cardíaco aos 39 anos, Mani precisou voltar a trabalhar para sustentar a casa e os três filhos. Chegou a vender roupas para amigos e conhecidos, mas levou golpes e recebeu cheques sem fundo, o que a levou a mudar de atividade. Virou corretora de planos de saúde e trabalhou por 18 anos nessa área.

Já nos últimos anos de vida, Mani redescobriu o apreço por desenhar e pintar. Alguns meses antes da pandemia, ela começou a frequentar aulas de pintura uma vez por semana em Alphaville. "Cheguei a ir com ela na Marquês de Itu para comprar cavalete, telas e pincéis de vários tamanhos. Ela pintou alguns quadros antes da pandemia", diz Tatiana.

A descoberta do câncer ocorreu no ano passado. Entre idas e vindas de hospitais, a última internação longa de Mani foi em abril deste ano. Ela deixa três filhos e três netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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