"É muito marcante me lembrar do meu pai nos chamando para ver um filme. Nós, eu e minha irmã, deitávamos por cima dele para assistir juntos e sempre acontecia aquele fenômeno natural de dormir na sala e acordar na cama", lembra a biomédica Angelica Borba de Lima, 29, filha de Luiz Cláudio de Lima.
Luiz morreu no último dia 2 de julho de infarto após mais de 15 dias internado. A filha diz que o pai era uma pessoa muito ativa e estava sempre com amigos ou no Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), onde atuava como diretor.
Independentemente de onde estivesse, Luiz sempre estava acompanhado da mulher, Rita de Cássia Borba Lima, 60, com quem dividiu 33 anos de sua vida e teve duas filhas, Angelica e Adriana.
"Em tudo o que ele tinha que fazer, ele sempre a levava. Nas lembranças mais marcantes, eles estão juntos. Iam a todos os lugares, do sindicato à casa de amigos. Tinham essa parceria muito bonita."
Luiz era nascido em maio de 1964 em Alto Alegre, cidade que fica a 51 quilômetros de São Paulo. Anos depois a família se mudou para a capital paulista em busca de oportunidades. O mais novo de sete irmãos, foi o único a fazer faculdade —formado em pedagogia, também estudou história, geografia, sociologia e filosofia ao longo da vida.
O educador gostava muito de ler e era curioso, sempre querendo saber mais sobre qualquer assunto. Além disso, via TV e filmes e usava seu tempo livre para cuidar das filhas.
Além da atuação no sindicato, Luiz deu aulas em presídios desde o nascimento da filha mais nova, há 29 anos. Lecionou no Carandiru e, nos últimos anos de vida, na penitenciária de Parelheiros.
A sala de aula e entre amigos e companheiros do sindicato não eram os únicos lugares em que Luiz gostava de estar.
"Ele gostava muito de viajar, do contato com a natureza", diz a filha. O professor viajou o Brasil a trabalho pelo sindicato. Para passear, seu lugar favorito era o litoral sul de São Paulo, especialmente praias e cachoeiras na região. "Era o canto dele", diz a filha.
Mas ele também gostava de viagens para lugares mais longe. Pouco antes da pandemia, Luiz, a mulher e a filha mais nova foram para o Rio Grande do Norte, por exemplo.
"Foi uma viagem diferente. Nós fomos de avião e lá alugamos um carro e íamos para todos os lugares. Ele parecia um adolescente, tudo o encantava. Ele viveu a vida assim, encantado", diz Angelica.
O educador deixa esposa, duas filhas e seis irmãos.
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