O jeito mole para falar fez com que os amigos da Folha apelidassem Leonardo Alonso Soler de Geleia. E ele gostava.
No trabalho mostrava-se sempre muito exigente com a qualidade, sem deixar a alegria e a descontração de lado.
De fácil trato, Leonardo era o tipo de pessoa que ria das próprias desgraças, segundo o irmão, o jornalista Mário Soler. Ele também inspirou parte da família a trabalhar com comunicação.
Leonardo nasceu em Ida Iolanda, distrito de Nhandeara (a 509 km de São Paulo). Era o segundo mais velho entre os nove filhos do casal de imigrantes espanhóis Felix Alonso Garcia e Maria Soler Garcia.
Começou a trabalhar ainda criança em propriedades rurais. No início da década de 1960, mudou-se para São Paulo com a mulher, Adélia.
Na Folha, trabalhou de 1961 até 1992. Começou como auxiliar, na limpeza das máquinas da gráfica e chegou a coordenador operacional.
A habilidade para manusear as máquinas de impressão compensou o pouco estudo —apenas até o terceiro ano primário.
"Ele foi um dos pioneiros do sistema de impressão em offset no Brasil. Fez cursos de especialização nos Estados Unidos e pelo trabalho visitou, ainda, outros países como Peru, México, Chile e Japão", relata o advogado Aldo Cardenas Alonso, 60, seu filho.
"Em tempos tão confusos como os atuais, em que a desonestidade impera, meu pai deixou para nós que o trabalho, a dedicação e a honestidade valem a pena. Ensinou todos a se dedicarem e valorizarem o local onde se ganha o pão. A Folha foi a vida dele", finaliza Aldo.
"Ele era tido no meio gráfico como o melhor impressor do Brasil", afirma Mário.
Quando deixou o jornal, Leonardo mudou-se para São José do Rio Preto (a 438 km de São Paulo) e se dedicou à sua outra paixão: o xadrez. Jogou até três meses antes da morte.
Leonardo Alonso Soler morreu em 2 de julho, aos 82 anos, por complicações de um AVC. Sofria de Parkinson e Alzheimer.
Ele deixa a mulher, dois filhos, cinco netos e oito bisnetos.
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