Descrição de chapéu Obituário Antonio José Bonin (1947 - 2022)

Mortes: Gerente de banco começou de baixo para superar limites

Antonio José Bonin enfrentou barreiras para vencer profissionalmente

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São Paulo

Logo após completar a maioridade, Antonio José Bonin, garoto bom de bola de Itupeva (SP), precisou criar mais responsabilidade e tratou de arrumar um emprego. Foi contratado para ser faxineiro e responsável pelo café da recém-inaugurada agência do Bradesco no município do interior paulista. Duas décadas depois, o goleador nos campeonatos de futebol da cidade alcançava cargo de gerência da instituição bancária.

Bonin nunca teve muito estudo. Chegou até o ginásio, segundo sua mulher, Idnei de Almeida Bonin, 67. Mas soube como ninguém levar ao trabalho o mesmo espírito de equipe que fazia a bola chegar redonda aos seus pés, nos times que perfilou, para crescer profissionalmente.

Antonio José Bonin, ex-bancário e jogador de futebol, morreu no último dia 8 de julho, em Itupeva (SP) - Arquivo Pessoal

No início, a rotina no banco era dividida entre o café que fazia para os demais funcionários, a faxina e a bicicleta que usava para levar a correspondência dos clientes.

"Mas ele foi aprendendo aos poucos e cresceu lá dentro. Galgou cargos até chegar à gerência", diz Idnei.

Por causa dos novos cargos do bancário, a família teve de se mudar para outras cidades do interior de São Paulo —ele trabalhou em agências de Campinas, Bragança Paulista e Piracaia.

Segundo a mulher, o marido ficou no banco por 22 anos. Depois, voltaram para Itupeva e Bonin foi bem-sucedido como vendedor de planos de saúde, em uma empresa de logística e no setor administrativo de uma firma de tambores, onde ficou durante 16 anos.

"Sempre foi um funcionário muito exemplar, dedicado, não faltava por nada. Se precisasse, ajudava a carregar caminhão e levava a mãe de um companheiro ao médico", afirma Idnei.

Não faltava no trabalho nem no futebol de fim de semana. O atacante de uma série de times de Itupeva sempre lembrava que talvez tivesse perdido a chance de ser um jogador famoso quando a mãe não deixou o menino de 12 anos ser levado para um teste no Rio de Janeiro.

Bonin jogou bola até os 60 anos. Depois passou para a bocha e representou o município em competições oficiais, tanto que recebeu uma nota de pesar da Prefeitura de Itupeva pela sua morte, no último dia 8 de julho.

Também foi músico. Tocou saxofone na Lira Itupevense, banda da cidade dos anos 1970. E, quando seguia para os ensaios aos domingos, observava sempre uma moça que ia aos cultos da Igreja Batista.

Antonio José chegou a ser noivo, e Idnei teve outros namorados. Mas o destino em cidade pequena geralmente não costuma falhar. A agência do Bradesco ficava próxima do escritório de contabilidade onde ela trabalhava. "Um dia trocamos um olhar diferente que se transformou em um casamento de 44 anos", diz.

Durante os últimos oito anos, Bonin tratou um câncer de próstata com metástase nos ossos. Foi internado no último dia 3, um domingo. Na véspera, ainda viu o seu Palmeiras jogar na TV.

Ele morreu aos 74 anos e deixa a mulher, Idnei, os filhos Erica Juliana e Ivan Carlos, além da neta Manuela.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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