Descrição de chapéu Obituário Agostinho Ferreira de Souza (1932 - 2022)

Mortes: Passou aos filhos e netos o amor pelo Corinthians e suas histórias

Fanático pelo time, Agostinho chegou a perder a dentadura ao comemorar um gol

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São Paulo

Na festa de 25 anos do casamento do filho, o engenheiro civil Roberto Ferreira de Souza, 60, Agostinho compôs o traje com um blusão do Corinthians, seu time do coração.

Em vez de causar estranheza aos convidados, arrancou gargalhadas. "Era o tipo de irreverência que ele tinha. E essa levou a marca do Corinthians", diz Roberto.

A alegria de Agostinho —uma marca familiar—, o carisma e a facilidade para comunicação serviam como imãs para atrair as pessoas. De crianças a idosos, todo mundo gostava da sua companhia.

Agostinho Ferreira de Souza (1932-2022)
Agostinho Ferreira de Souza (1932-2022) - Arquivo pessoal

Paulistano, Agostinho era o oitavo de nove filhos. Viveu grande parte da vida no Pari, região central de São Paulo. Estudou até o ginásio e começou a trabalhar muito jovem, ao lado do pai, que era empreiteiro de obras.

Quando deixou o Exército, atuou na área comercial e montou uma metalúrgica, vendida em 1975. Agostinho teve outros ramos de negócio. Com pouco mais de 60 anos, começou a trabalhar na construtora do filho Roberto. Ficou lá até se aposentar.

Depois, junto com Armandinho, um dos irmãos, abriu uma empresa de molduras para quadros. Passado algum tempo, decidiu parar.

Corintiano fanático, Agostinho se tornou conhecido no clube. Assistiu a muitas partidas nos estádios dentro e fora de São Paulo. Nas viagens com os filhos para acompanhar os jogos, construiu um castelo de memórias.

Depois de 1977, ano em que o Corinthians conquistou o Paulistão, ele diminuiu a frequência de ida aos estádios. Tinha 45 anos, na época. Para o filho Roberto, foi de tanto sofrer pela fila de mais de 22 anos sem títulos. Aos 75 anos e acompanhado pelos netos, retomou a presença assídua nos jogos.

"Em 2007, num dia dos pais, ele almoçava aqui em casa e eu falei para irmos com os netos ver o jogo contra o Grêmio. Ganhamos por 2 a 1. Foi o ano do rebaixamento, mas os meninos adoraram. Daí para a frente, ele foi a companhia em quase todos os jogos no Morumbi e Pacaembu", conta Roberto. "Ele e os netos faziam uma bagunça divertida no estádio. Meu pai virou uma figura emblemática."

Histórias que retratam a alegria de Agostinho e seu amor pelo time não faltam.

Agostinho Ferreira de Souza (1932-2022) com o filho Roberto e os netos num jogo do Corinthians
Agostinho Ferreira de Souza (1932-2022) com o filho Roberto e os netos num jogo do Corinthians - Arquivo pessoal

"Em 2008, quando já tínhamos caído no Paulista e na Copa do Brasil, o Corinthians jogou as partidas no Morumbi. Como íamos na cadeira cativa, ele virou figura carimbada. Quando meu pai faltava, todos perguntavam ‘cadê o Agostinho?’ Um dia nos distraímos e quando vimos ele estava na parte debaixo da cativa, no guarda-corpo, pulando com os caras", conta Roberto.

"Na semifinal da Copa do Brasil, no gol do Corinthians, eu vi que ele estava sem os dentes. Na comemoração, a dentadura voou. Todos no entorno ficaram procurando por ela. Foi hilário", relata o filho.

Agostinho morreu no dia 28 de junho, mesma data do jogo contra o Boca Juniors pela Libertadores, na Neo Química Arena, aos 90 anos. Ele sofreu um mal súbito e não resistiu. Agostinho deixa a esposa, quatro filhos e nove netos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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