Descrição de chapéu cracolândia drogas

Nova fase de operação policial na cracolândia dará mais apoio à assistência social

Até então concentrada em prender traficantes, polícia vai passar a auxiliar os agentes municipais, segundo delegado

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São Paulo

Quase dois meses após a operação ação que desmantelou a cracolândia da praça Princesa Isabel e dispersou os usuários de drogas pelo centro de São Paulo, a Polícia Civil deve mudar o enfoque de suas ações na região.

Até então voltada apenas a sufocar o tráfico na cracolândia, a operação Caronte —que começou em abril de 2021— irá atuar agora também para dar apoio às ações de assistência social e de saúde do município. A nova etapa, a sexta, começará em breve.

"As prisões vão continuar porque tráfico de drogas é igual mato, tem que cortar senão volta a crescer", diz o delegado Roberto Monteiro da 1ª Delegacia Seccional do Centro.

Usuários de drogas concentrados na rua dos Gusmões, na região central
Fluxo da cracolândia concentrado na rua dos Gusmões esquina com avenida Rio Branco, no centro de São Paulo - Danilo Verpa 5.jul.22/Folhapress

Segundo o delegado, o momento exige maior presença das equipes de saúde e de assistência social diante da menor circulação de drogas em decorrência das reiteradas incursões em meio ao fluxo, como é chamada a concentração de usuários. "O fluxo está dinâmico agora porque estão sem orientação dos traficantes", disse o delegado ao explicar as ocupações de pontos no centro da cidade.

A meta da polícia e da prefeitura é impedir o fechamento de ruas pelos usuários, como ocorreu nesta terça-feira (5) na rua dos Gusmões, na Santa Ifigênia. O trânsito de carros e de pedestres foi impedido pela aglomeração de pessoas.

"Ontem [terça] chegaram a fechar uma rua e hoje não teve isso", diz o secretário-executivo de Projetos Especiais, Alexis Vargas, que coordena o programa anticrack da prefeitura, o Redenção. "Eles estão mais agitados por causa da abstinência, da falta da droga", continua.

A falta de drogas é a explicação do secretário e também do delegado Monteiro para a confusão registrada por câmeras de celular na Santa Ifigênia na manhã desta quarta-feira (6), quando usuários saquearam comércios e entraram em confronto com trabalhadores da região.

Houve confusão e comerciantes usaram paus e pedras para dispersar os dependentes químicos, que reagiram e atiraram objetos.

Para o secretário, apesar da maior sensação de insegurança para quem mora e trabalha no centro, a dispersão é benéfica porque representa o fim da atuação territorializada do tráfico de drogas na cracolândia. "Não houve aumento de ocorrências policiais na região entre janeiro e junho", diz.

Apesar da previsão da Polícia Civil por maior necessidade de atendimento aos usuários, a estrutura será mantida sem alterações, segundo o secretário, que citou como um dos principais equipamentos a tenda emergencial montada na rua Helvetia para receber usuários em busca de tratamento.

​A rua dos Gusmões, onde houve a confusão, é um dos pontos ocupados pelos usuários desde a retomada da praça Princesa Isabe. Os outros são o estacionamento de uma agência bancária na avenida Duque de Caxias, o quarteirão da rua Helvetia na esquina com a avenida São João, e a rua Guaianases.

Em todos esses locais, moradores e trabalhadores relatam aumento nos casos de furtos e roubos, além de sujeira e barulho constantes.

No trecho da avenida São João próximo à rua Helvetia, onde parte do fluxo de usuários se consolidou, muitos comerciantes decidiram deixar os pontos por causa da insegurança. O mesmo aconteceu no entorno da praça Princesa Isabel.

Entre dezenas de prisões em flagrante de tráfico de drogas, a operação Caronte chegou a dois acusados de integrar a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e responsáveis pelo comércio de entorpecentes na cracolândia.

Preso na última quarta-feira (29), Adilson Gomes da Silva, 42, o Deco, foi quem definiu o esquema de alugar espaços para os interessados montarem barracas e venderem as drogas, segundo a Polícia Civil.

Na semana anterior, foi anunciada a prisão de Anderson Mendes Machado, o Sistemático, responsável por fiscalizar as regras impostas pelo PCC na região central, segundo a Polícia Civil. O homem foi encontrado em um dos quartos de hotel localizado na avenida Rio Branco.

Ação da prefeitura nesta quarta-feira fechou sete estabelecimentos, entre bares e hotéis, no entorno do novo hospital Pérola Byington.

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