O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), disse nesta quinta (7) que o resultado das operações policiais que têm causado a dispersão do fluxo da cracolândia pelo centro da capital pode ser medido pela redução do número de dependentes químicos nas ruas.
"Nós temos muito menos dependentes químicos [na região] hoje do que tínhamos no começo do ano. É uma luta permanente. A polícia vai continuar agindo para prender os traficantes. Vamos continuar agindo para proteger os comerciantes da região, porque não podemos ficar assistindo a cenas como a que vimos ontem", declarou, sem citar números.
Rodrigo Garcia se referia aos saques e ao quebra-quebra provocados por dependentes químicos e moradores de rua que aconteceram na região da Santa Ifigênia nesta quarta (6).
Nesse dia, o governador estava em um evento a cerca de 500 metros do local onde vendedores da região usaram pedaços de madeira e pedras, além de trocar socos e chutes com frequentadores da cracolândia, para defender o comércio de saques. Garcia diz ter determinado reforço do policiamento na região.
As operações policiais no centro da cidade contra o tráfico de drogas estão nas etapas finais, segundo o governador. Também sem citar números, ele disse que, com a prisão de traficantes, a busca de dependentes químicos por tratamento "cresceu muito".
Em nota enviada à reportagem nesta quarta (6), a Prefeitura de São Paulo afirmou que, entre 25 de março e a última segunda (4), servidores registraram mais de 11 mil abordagens na região, que resultaram em cerca de 2.800 encaminhamentos.
O texto da gestão Ricardo Nunes (MDB) diz ainda que "as ações são realizadas sempre com o objetivo de proporcionar acesso à rede de serviços socioassistenciais e às demais políticas públicas, bem como desencadear o processo de saída das ruas e promover o retorno familiar".
Protesto de lojistas
Após os confrontos na Santa Ifigênia, lojistas protestaram nesta quinta contra a fixação do fluxo —aglomeração de usuários— da cracolândia no local.
Pelo menos uma loja e uma banca de jornais foram saqueadas na quarta. Vídeos mostram o arrombamento da porta de ferro da loja e o momento em que os dependentes químicos e moradores de rua que frequentam o fluxo invadem o local.
O governador prometeu nesta quinta "reforçar o apoio aos comerciantes", junto com a GCM (Guarda-Civil Metropolitana), da prefeitura.
Além disso, como a Folha mostrou, a Polícia Civil deve mudar o enfoque de suas ações na região. Até então voltada apenas a sufocar o tráfico na cracolândia, a operação Caronte —que começou em abril de 2021— irá atuar agora também para dar apoio às ações de assistência social e de saúde do município.
A falta de drogas decorrente das recentes prisões de traficantes é a explicação da polícia para a confusão envolvendo os usuários.
Entre as prisões em flagrante por tráfico de drogas, a operação Caronte chegou a dois suspeitos de integrar a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e de gerenciar o comércio de entorpecentes na cracolândia.
Preso na última quarta-feira (29), Adilson Gomes da Silva, 42, o Deco, foi quem definiu o esquema de alugar espaços para os interessados montarem barracas e venderem as drogas, segundo a Polícia Civil.
Na semana anterior, foi anunciada a prisão de Anderson Mendes Machado, o Sistemático, responsável por fiscalizar as regras impostas pelo PCC na região central, segundo a Polícia Civil. O homem foi encontrado em um dos quartos de hotel localizado na avenida Rio Branco.
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