Censo 2022 inicia entrevistas em áreas quilombolas em busca de retrato inédito

É a primeira vez que essa população é contada no levantamento do IBGE, que estima quase 6.000 comunidades

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Rio de Janeiro

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) lança nesta quarta-feira (17) a coleta das informações do Censo Demográfico 2022 em áreas quilombolas espalhadas pelo Brasil.

O levantamento pretende produzir um retrato inédito, pois essa é a primeira vez que a população de áreas remanescentes de quilombos é contada em um Censo.

Para isso, nos questionários foi acrescentada a seguinte pergunta: "Você se considera quilombola?". Em caso de resposta positiva, os entrevistados podem informar em seguida o nome das suas respectivas comunidades.

Dois recenseadores, um homem e uma mulher, usam colete do IBGE e cumprimentam morador na porta de uma casa com um aperto de mão
Funcionários do IBGE durante início dos trabalhos dos recenseadores na favela da Rocinha, no Rio, no início de agosto - Eduardo Anizelli - 1º.ago.22/ Folhapress

O IBGE descreve as comunidades quilombolas como "grupos étnicos, segundo critérios de autoatribuição, com trajetória histórica própria, dotados de relações territoriais específicas, com presunção de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão historicamente sofrida".

A coleta dos dados do Censo começou nos municípios brasileiros em 1º de agosto. O IBGE planeja visitar 75 milhões de domicílios até o final de outubro.

Um dos objetivos do lançamento nas áreas quilombolas é sensibilizar a população local a responder aos questionários.

Um pré-mapeamento divulgado pelo IBGE estima 5.972 localidades quilombolas no país.

A realização do Censo nesses endereços exige uma operação especial, que envolve o diálogo com lideranças e a preparação dos recenseadores.

Conforme o instituto, os agentes que vão atuar nas áreas quilombolas tiveram um dia adicional de treinamento. A ideia foi preparar a abordagem aos moradores das comunidades.

A partir da pesquisa, o IBGE pretende analisar diferentes questões relacionadas a essa população, como quantos vivem no Brasil e em quantas comunidades, quais são as condições das habitações e como está o acesso à educação e à saúde.

O Censo, que costuma ser realizado a cada dez anos, é considerado o trabalho mais detalhado sobre os traços demográficos e socioeconômicos dos brasileiros.

A edição de 2022 marca os 150 anos do primeiro recenseamento feito no país. A pesquisa inicial ocorreu em 1872.

A versão mais recente foi em 2010. A nova pesquisa estava prevista para 2020, mas foi adiada em razão das restrições provocadas pelo início da pandemia de Covid-19.

O que inviabilizou o levantamento em 2021, pelo segundo ano consecutivo, foi o corte da verba pelo governo federal.

O orçamento para o estudo em 2022, estimado em R$ 2,3 bilhões, só foi liberado após o STF (Supremo Tribunal Federal) ser acionado.

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