'Esses bichos não são ruins', diz dona de jiboia que sumiu em apartamento de SP

Desaparecimento de Sylas apavorou vizinhança; cuidado de pet envolve comprar rato abatido e controlar temperatura

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São Paulo

Fascinada desde criança por bichos de todas as espécies, quando decidiu que queria um animal de estimação em casa, Bruna Magalhães Carvalho, 28, escolheu ter uma jiboia. Sim, uma cobra.

Em 2018, ela adotou o Sylas, uma jiboia arco-íris da caatinga, de um criadouro em Minas Gerais, de forma legalizada.

Bruna escolheu Sylas através de fotos assim que ele nasceu. Quando completou cinco meses, a jiboia foi enviada para São Paulo de avião e foi recebida no aeroporto.

Bruna Carvalho brinca com Sylas, sua jiboia de estimação - Karime Xavier/Folhapress

"É um bicho que eu sempre admirei. É um animal muito calmo", disse a dona do pet. "Gosto muito de tentar mostrar que esses bichos não são ruins. Eu me apego a animais que têm essas causas."

Além do réptil, ela tem em casa um cachorro da raça American Staffordshire e um gato preto. Bichos que na avaliação dela sofrem bastante e são sempre rejeitados.

Ela garante que os cuidados para manter a jiboia em casa são simples. Há um gasto maior no começo, pois é preciso providenciar um terrário —móvel de madeira com uma frente de vidro— para o bicho ter um ambiente apropriado para ficar.

Com relação à alimentação, Sylas come rato abatido de 30 a 45 dias. "No cativeiro não há rato vivo. Eu queria enfatizar isso porque o pessoal acha que a gente é psicopata e fica lá olhando o ratinho ser morto, mas não é. Já compro o rato abatido, congelo e aí quando chega o dia da alimentação eu descongelo e ofereço", afirma Bruna.

Depois, são cerca de cinco dias para o bicho fazer boa parte da digestão. Nesse período, ele precisa ficar quietinho, para não correr o risco de regurgitar.

Batizado por causa de um personagem do jogo "League of Legends", Sylas já é bem conhecido na internet —ele tem um perfil no Instagram com mais de 25 mil seguidores.

Porém, ficou ainda mais famoso depois de ter sumido por seis dias do apartamento da sua dona, em Perdizes, na zona oeste de São Paulo, deixando Bruna aos prantos e uma vizinhança apavorada.

Na manhã de 21 de junho, ela percebeu que Sylas não estava no terrário. "A portinha do aquecimento estava erguida e eu tive a certeza de que ele tinha fugido, aí eu revirei a casa inteira."

Sem encontrá-lo, resolveu avisar os vizinhos e fez uma postagem em uma página do bairro nas redes sociais pedindo para que se alguém o encontrasse não fizesse mal a ele.

Os dias foram se passando, a agonia dela só aumentava e nada do Sylas aparecer. Somente na noite de domingo, dia 26, ela finalmente encontrou o seu pet.

"No sábado, eu fui para um hotel para deixar o apartamento vazio e ver se ele aparecia. Quando voltei senti vontade de procurá-lo de novo nos mesmos lugares que eu já tinha olhado. Aí quando eu bati a lanterna do celular atrás do fogão, entre a boca e o forno, eu vi o reflexo de arco-íris", lembra Carvalho.

A maior preocupação dela era com a saúde do seu pet. Naquela semana fazia muito frio em São Paulo e a jiboia, não acostumada a temperaturas tão baixas, precisa de um ambiente totalmente climatizado.

"Dentro do terrário tem uma placa aquecida que não pode passar de 32ºC nem ser menos de 22ºC. E tem a lâmpada de aquecimento também, porque precisa aquecer o ar, senão ele pode pegar uma pneumonia", explica.

Como cuidar de seu réptil

Segundo Raphael Ruck Fortino, veterinário especialistas em aves e répteis, é muito importante saber preparar um ambiente adequado para se ter um réptil em casa. "Boa parte das doenças dos répteis é gerada por erro no manejo", afirma.

Por isso, ele recomenda que, antes de adotar o bichinho, o interessado passe por uma consulta de orientação com um profissional da área para receber informações detalhadas de como cuidar da espécie.

Depois, para comprar um animal legalizado, é preciso entrar em contato com criadouros autorizados pelo Ibama. "Ele vai para a sua casa com nota fiscal e microchip, que em cada espécie é colocado em uma região diferente do corpo. A numeração do microchip precisa estar na nota fiscal", afirma.

De acordo com o veterinário, muitos têm dúvida de como proceder para legalizar um animal que já possuem em casa, porém, isso é impossível. "A única forma de se ter um animal legalizado é comprando desde filhote de um criadouro comercial", concluiu.

Onde comprar um réptil legalizado de estimação

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