Descrição de chapéu Rio de Janeiro Folhajus

Bicheiro Rogério de Andrade é preso no RJ horas depois de seu filho

Gustavo e o pai são suspeitos de atuar em esquema de proteção a jogos de azar; agentes encontraram registros de propina a policiais

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São Paulo e Rio de Janeiro

O bicheiro Rogério de Andrade, sobrinho do contraventor Castor de Andrade (1926-1997), foi preso na tarde desta quinta-feira (4), em uma casa na região serrana do Rio de Janeiro. Horas antes, seu filho, Gustavo de Andrade, também havia sido preso em uma ação conjunta do Ministério Público e da Polícia Civil.

Os dois são investigados na Operação Calígula, realizada em maio deste ano, e estavam foragidos. A investigação apura um esquema que envolvia delegados, policiais militares e contraventores acusados de fazer parte de um esquema para proteger uma organização criminosa especializada em jogos de azar.

Rogério de Andrade foi encontrado com o filho pela manhã, mas não foi preso inicialmente porque o mandado expedido pelo Tribunal de Justiça do Rio foi revogado pelo ministro Kassio Nunes Marques, do STF (Supremo Tribunal Federal). Na segunda (1º), o ministro deferiu medida cautelar pedida pela defesa do contraventor, que alegou não haver fato novo para a prisão.

Gustavo de Andrade e o pai, Rogério de Andrade, alvos de operação no Rio; filho foi preso nesta quinta (4) - Reprodução

Durante a operação desta quinta, porém, os investigadores afirmam ter encontrado "novos elementos de prova" que justificaram outro pedido de prisão preventiva, aceito pela Justiça.

Segundo a Promotoria, foram apreendidos documentos com datas de junho e julho de 2022 que "expõem uma sistemática cadeia de corrupção mantida de forma persistente mesmo após a deflagração da operação Calígula, ocorrida em maio, quando Rogério de Andrade passou a ser considerado foragido".

Outros documentos apontam ainda o retorno do pagamento de propina a delegacias especializadas da Polícia Civil do Rio, "logo na sequência da suspensão da eficácia da decisão que decretou a prisão de Rogério de Andrade". Os papéis mencionam a DEAC Centro (Delegacia de Acervo Cartorário), a DEAC Especializada e a DEAM Centro (Delegacia de Atendimento à Mulher).

A acusação sustenta que a organização criminosa supostamente comandada por Rogério e seu filho, atuava não só no Rio de Janeiro, mas em vários outros estados, usando a violência contra concorrentes e desafetos e sendo suspeita da prática de diversos homicídios.

Os promotores apuram ainda se Rogério de Andrade tem envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, ocorrido em uma emboscada em março de 2018.

Um dos alvos da operação de maio era o policial militar reformado Ronnie Lessa, preso desde março de 2019 e réu pela morte da vereadora.

Outra investigada na operação é a delegada Adriana Belém, presa após agentes terem encontrado R$ 1,8 milhão em espécie na casa dela. Segundo a Promotoria, há indícios de que o valor seja proveniente de lavagem de dinheiro.

Em maio, a defesa de Rogério de Andrade afirmou por mensagem que "a operação, além de não deixar demonstrada a necessidade de prisão cautelar do Rogério, reluz claramente uma afronta ao STF [Supremo Tribunal Federal] que acaba de conceder o trancamento de uma ação penal contra ele".

A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Gustavo de Andrade até a publicação deste texto.

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