Guardas municipais de Sorocaba (SP) são presos por suspeita de tortura

Ação desta sexta (5) teve participação do Ministério Público e da Polícia Civil; GCMs teriam agredido vítimas durante abordagem e invadidos casas

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São Paulo

Quatro guardas-civis municipais de Sorocaba (a 99 km de São Paulo) foram presos nesta sexta-feira (6) sob suspeita de tortura. A operação teve a participação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de combate ao Crime Organizado), do Ministério Público de São Paulo, e do Dope (Departamento de Operações Especiais), da Polícia Civil da capital.

Os agentes sorocabanos, que tiveram a prisão temporária de 30 dias decretada, ainda estavam sendo ouvidos na tarde desta sexta.

Guarda-civil municipal de Sorocaba (SP) ao ser levado para o Ministério Público; quatro agentes foram presos por suspeita de tortura - Reprodução/TV Globo

De acordo com promotores do Gaeco, pessoas abordadas por uma equipe da Romu (Ronda Ostensiva Municipal) eram agredidas pelos guardas-civis. Os agentes também gritavam perguntas sobre drogas e dinheiro.

Em nota, a Prefeitura de Sorocaba disse que a Guarda Civil Municipal e a administração irão colaborar com o que for possível, assim como tomar as medidas administrativas cabíveis.

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública do estado confirmou a prisão dos três agentes. "Os presos foram ouvidos e posteriormente encaminhados a uma unidade carcerária da região", afirmou, em nota.

Há pelo menos o relato de uma pessoa que afirmou ter acordado com um revólver de um guarda na cabeça, durante uma suposta invasão a uma casa. A polícia e o Ministério Público investigam se os GCMs levaram pertences do lugar.

As primeiras denúncias começaram a chegar ao Ministério Público local há cerca de 45 dias, vindas de delegacias e de relatos de possíveis vítimas, quando foi instaurada uma investigação criminal. Mas os promotores dizem acreditar que as torturas acontecem há sete ou oito meses.

De acordo com o Ministério Público, um dos guardas tinha cerca de 20 anos de corporação.

A operação foi realizada ainda durante a madrugada. A polícia e a Promotoria primeiro foram à casa de um dos guardas suspeitos, mas ele já tinha saído para a base. Por telefone, a mulher informou ao GCM sobre a presença de policiais e promotores no imóvel, e os agentes municipais foram com uma viatura da Guarda até o local, onde acabaram presos.

Segundo promotores, exame de corpo de delito em uma das vítimas, considerado preciso, demonstrou que ela não estava mentindo e serviu para a denúncia. A expectativa é que o Ministério Público peça a prisão preventiva dos guardas na próxima semana.

Durante a abordagem, segundo apurou a reportagem, os guardas negaram a prática de tortura, as agressões e as ameaças. A Folha não encontrou a defesa dos guardas.

O MP disse que com as prisões desta sexta-feira, é possível que novas vítimas façam denúncias.

Erramos: o texto foi alterado

A versão anterior deste texto afirmava incorretamente que os guardas-civis tiveram a prisão preventiva decretada, quando o correto é prisão temporária.

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