Um adolescente de 14 anos armado com um revólver e armas brancas invadiu uma escola, atirou contra estudantes e matou uma aluna na manhã desta segunda-feira (26) na cidade de Barreiras, a 875 km de Salvador.
A vítima do ataque foi identificada como Geane de Silva de Brito. Ela tinha 19 anos, era aluna da escola e cadeirante.
O autor dos disparos também é aluno da escola. Segundo a prefeitura, ele havia sido transferido de uma unidade de ensino de Brasília em maio deste ano. Considerado um aluno irregular, costumava faltar às aulas com frequência.
O caso aconteceu por volta das 7h20 desta segunda na Escola Municipal Eurides Sant'Anna, unidade de ensino militarizada e gerida em parceria entre a Polícia Militar da Bahia e a Prefeitura de Barreiras.
A Polícia Militar disse, em nota, que o jovem pulou o muro da escola e atingiu a estudante com golpes de arma branca e um disparo de arma de fogo. A vítima morreu no local.
Na tentativa de fuga, o autor dos disparos foi atingido por um tiro que partiu de uma outra pessoa.
Ele foi levado em uma ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) para o Hospital Geral do Oeste. Não há informações sobre o seu estado de saúde.
Segundo a polícia, foram encontrados com ele um revólver calibre 38, duas armas brancas e um objeto que aparenta ser uma bomba caseira. O material foi apreendido.
Antes do ataque, o adolescente disse uma rede social o que faria.
"Irá acontecer daqui quatro horas e eu estou bem de boa. Estou tão calmo, nem parece que irei aparecer em todos os jornais", afirmou o adolescente em sua última postagem no Twitter.
O atirador também publicou uma carta de despedida na última quinta (22) e postou mensagens em que disse que "o dia do massacre está chegando" e dava a entender que estaria morto nos próximos dias.
As postagens foram feitas em uma conta no Twitter com um pseudônimo, mas a autenticidade foi confirmada à Folha por pessoas ligadas à investigação. A conta foi suspensa pelo Twitter por violar as regras da rede social.
Nas mensagens, ele também aparece em fotos usando uma touca ninja e segurando uma faca, afirma que a escola não tinha câmeras de videomonitoramento e que tinha feito uma bomba caseira com pregos.
Nas redes, o rapaz também propagava discurso de ódio contra gays, lésbicas e nordestinos. Também dizia ser um ser superior.
"Sai da capital do Brasil para o ‘merdeste’ e nunca pensei que aqui fosse tão repugnante. Lésbicas, gays e marginais aos montes, acham que são dignos de me conhecer e conhecer minha santidade. Os farei clamar pela minha misericórdia, sentirão a ira divina", afirmou.
O jovem também participava de comunidades e fóruns em que se discutiam crimes notórios e assassinos em série.
Em nota, a Secretaria de Segurança pública da Bahia disse que os perfis em redes sociais do adolescente serão analisados pela Polícia Civil, que também investiga o acesso do garoto à arma de fogo.
"Solidarizo-me com a família da estudante e a todo o corpo estudantil nesse momento trágico. Determinei prioridade na elucidação desse caso, até para que evitemos novos episódios", disse o secretário estadual de Segurança Pública, Ricardo Mandarino.
O secretário afirmou que casos como este se devem, em parte, à política de facilitar a compra de armas: "Estamos importando o que há de pior nos Estados Unidos, em matéria de segurança pública. Essa cultura armamentista, que muito tem infelicitado o país irmão, com a alta incidência de homicídios por motivos fúteis".
O caso está sendo investigado pela Polícia Civil da Bahia, que confirmou que o autor dos disparos é menor de idade e já foi apreendido.
Em nota, a Prefeitura de Barreiras classificou o caso de "inesperada tragédia". Também informou que está prestando apoio e assistência aos estudantes e seus familiares e se solidarizou com a família da aluna assassinada.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.