Estudantes ficam feridos após bolsonaristas invadirem ônibus escolar em SP

Veículo com adolescentes passava em frente a quartel do Exército em Jundiaí, onde ocorriam protestos antidemocráticos

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São Paulo

Dois adolescentes que estavam em um ônibus de transporte escolar ficaram feridos após serem agredidos enquanto o veículo passava por uma manifestação bolsonarista, nesta quinta-feira (3), em Jundiaí (a 58 km de São Paulo), segundo a Secretaria da Segurança Pública.

De acordo com a pasta, o caso foi apresentado no 1º Distrito Policial de Jundiaí e a ocorrência ainda estava em andamento até a publicação desta reportagem. Os estudantes tiveram ferimentos leves.

Bolsonaristas invadem ônibus com estudantes adolescentes, após supostamente serem provocados em Jundiaí (SP); uma pedrada quebrou um dos vidros do coletivo; dois alunos ficaram feridos, segundo a polícia - Reprodução

As agressões ocorreram quando o veículo passou próximo ao 12º GAC (Grupamento de Artilharia e Campanha), na avenida 14 de dezembro, região da Vila Rami, onde bolsonaristas se concentram desde a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial de domingo (30).

A reportagem teve acesso a oito vídeos gravados por estudantes com celulares. As imagens mostram que ao menos quatro homens entraram no veículo que estava lotado de adolescentes, com idade entre 14 e 17 anos. Todos são alunos da Etec (Escola Técnica) Vasco Antonio Venchiarutti.

Segundo um estudante de 17 anos, autor de um dos vídeos, uma pedra arremessada contra o ônibus quebrou um vidro lateral. Os estilhaços feriram um dos alunos, sem gravidade.

De acordo com o adolescente, o veículo se dirigia ao terminal do centro de Jundiaí, quando jovens começaram a cantar músicas contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) e fazer outras provocações quando o ônibus passou próximo da manifestação.

As imagens mostram quando manifestantes deixam os protestos antidemocráticos e partem para cima do ônibus, quando o veículo para no trânsito.

Tanto os manifestantes quando alunos pedem para o motorista abrir a porta do veículo, conforme os vídeos, que passaram a circular em redes sociais.

Assim que a porta é aberta, os homens entram aos berros no ônibus. Como havia estudantes sentados no chão do coletivo, impedindo a circulação, eles deles passam por cima dos bancos.

Os homens, um deles com uma bandeira do Brasil amarrada no pescoço, começam a xingar os estudantes de "otários" e "maconheiros" e dizem que "estão lutando" pelos estudantes.

Um dos bolsonaristas grita para um adolescente descer do ônibus —não é possível ver nas imagens se ele saiu.

E quando já ia embora, ao ser provocado, o mesmo homem voltou para o coletivo e chegou a segurar um garoto. Outros estudantes tentaram afastá-lo.

Segundo o adolescente ouvido pela reportagem, os manifestantes só desceram do ônibus quando uma mulher entrou no veículo e argumentou para os bolsonaristas de que se tratavam de adolescentes.

Na quarta-feira (2), milhares de pessoas passaram o feriado de Finados reunidas em frente ao local. Com um carro de som, a todo instante era pedido "intervenção federal" —um cartaz com os dizeres ainda estava no local nesta quinta, conforme mostram os vídeos feitos estudantes.

O quartel do Exército fica às margagens da rodovia Anhanguera e o local foi um dos pontos de bloqueios ilegais em rodovias nos últimos dias, que diminuíram, principalmente depois de pedido de Bolsonaro, em vídeo na noite de quarta.

Pela manhã, a Polícia Militar afirmou que não havia nenhuma rodovia estadual totalmente interditada em São Paulo.

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