Pacientes bem recebidos e protocolos marcam os melhores hospitais públicos do país

Hospital Estadual de Sumaré, no interior de São Paulo, lidera inédito ranking

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São Paulo

Gestores de hospitais públicos que atendem 100% pelo SUS, elencados como os melhores em ranking nacional divulgado no início de novembro, apontam como fatores preponderantes para um bom desempenho a busca pelo serviço mais humanizado e a manutenção de selos de acreditação, que atestam o gerenciamento das unidades.

Para Maurício Perroud, superintendente do Hospital Estadual de Sumaré, do interior de São Paulo, o líder do ranking, que foi elaborado pelo Ibross (Instituto Brasileiro das Organizações Sociais de Saúde), a primeira impressão tem um peso significativo para o paciente, e isso é trabalhado dentro da unidade.

"Habitualmente fala-se muito mal da saúde pública, mas quando o paciente chega ao hospital público e é bem recebido por alguém sorrindo, o local está limpo, conservado, com equipamentos adequados, isso dá um impacto positivo", diz.

O Hospital de Sumaré é administrado pela Unicamp e conta com cerca de 1.300 funcionários. O atendimento é de urgência referenciada, o paciente é atendido em outra unidade de menor complexidade e encaminhado para lá.

Imagem colorida mostra uma sala de cirurgia. No centro uma mesa cirúrgica, com um paciente coberto com um lençol verde. No lado esquerdo, dois médicos usam roupa azul e touca transparente.
Equipe médica no Hospital Estadual de Sumaré, localizado na região de Campinas, interior do Estado de São Paulo, eleito o melhor hospital público do país em ranking da Ibross - Divulgação

No ambulatório, onde entram os casos cirúrgicos eletivos, são em média 5.000 consultas por mês, sendo 700 de novos pacientes. São, em média, mil internações por mês e 180 partos.

"Cerca de 45% dos nossos médicos têm mais de 14 anos de casa. Isso traz estabilidade de processo, as pessoas que conhecem como o hospital funciona permanecem", diz Perroud.

O superintendente também destaca como ponto positivo a unidade funcionar como um hospital-escola, recebendo médicos formados pela Unicamp. "A gente consegue treinar aqueles que estão chegando, capacitá-los ao longo do tempo. Isso mantém a cultura do hospital."

Em segundo lugar no ranking ficaram empatados o Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara, de Fortaleza, e o Hospital Geral de Itapecerica da Serra, da Grande São Paulo. Ambos são administrados por OSSs (Organização Social de Saúde).

"As acreditações nos ajudam muito no sentido de melhorar o processo de atendimento e até coisas básicas na admissão do paciente. No DNA do hospital sempre teve a preocupação de tratar bem o paciente, com qualidade e segurança", diz Denys Briand, diretor-geral do hospital cearense.

O Hospital de Fortaleza é administrado pelo ISGH (Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar). Conta com 1.200 funcionários e tem capacidade para 323 internações, sendo 53 em UTI. De acordo com Briand, a pandemia foi um grande aprendizado dentro da unidade.

"Reforçou no nosso hospital a questão de trabalhar com protocolo. De atendimento, de intubação, no uso de antibióticos, na transferência para UTI. Tivemos médicos de apoio junto aos médicos que estavam trabalhando", diz Briand.

Imagem colorida, durante o dia, mostra um prédio verde com uma parede preta, onde está escrito Hospital Geral Waldemar Alcântara
Fachada do Hospital Geral Waldemar Alcântara, em Fortaleza (CE), eleito o segundo colocado no ranking dos melhores hospitais públicos do país - Divulgação

"Foi um momento dramático, mas isso amadureceu o senso de humanização da gente. Aperfeiçoou ferramentas que a gente ainda estava engatinhando, como as mídias digitais, o contato dos pacientes com familiares pela internet. Foram coisas que avançamos muito", completa o diretor.

O ranking foi criado pelo Ibross em parceria com a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), o Instituto Ética Saúde e ONA (Organização Nacional de Acreditação). Foram avaliados 136 hospitais públicos e 40 deles foram destacados para o ranking, sendo 16 do estado de São Paulo.

Além da avaliação dos usuários, que foi feita por meio de notas na plataforma Google Business, a organização também levou em conta o tempo de certificação da instituição e o um cálculo de eficiência, este feito em parceria com a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

Segundo Renilson Rehem, secretário-geral do Ibross, um novo ranking será realizado a cada dois anos. Ele entende que a iniciativa possibilita mostrar uma outra imagem do serviço público de saúde.

"Não estamos falando de hospitais luxuosos, cinco estrelas. Estamos falando de hospitais que funcionam bem, que têm qualidade, que garanta a segurança do paciente", diz.

Gonzalo Vecina Neto, médico sanitarista e professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, entende que um ranking de avaliação traz um elemento importante na discussão sobre os serviços públicos de saúde.

"Estamos discutindo muito essa questão de privatização. Se pega um hospital estatal e dá para a iniciativa privada gerenciar, ele continua sendo estatal, mas será gerenciado por uma empresa privada. A sociedade tem que ter condição de avaliar se isso é positivo ou negativo", diz Vecina.

"Se a instituição gerenciadora desses hospitais for uma boa instituição, comprometida e tiver transparência, ela vai conseguir fazer um serviço que entregará aquilo que a sociedade espera que ela entregue. Por outro lado, se for uma instituição que está lá para ganhar dinheiro, ela vai fazer uma porcaria e eventualmente poderá desviar dinheiro público da saúde."

Os 40 hospitais do ranking

1 Hospital Estadual Sumaré Dr. Leandro Franceschini Sumaré (SP)
2 Hospital Geral de Itapecerica da Serra Itapecerica da Serra (SP)
Hospital Geral Dr. Waldemar Alcantara Fortaleza
3 Hospital Estadual de Diadema Diadema (SP)
4 Hospital de Clínicas de Porto Alegre Porto Alegre
Instituto do Câncer São Paulo
5 Hospital do Subúrbio Salvador
6 Hospital Estadual Vila Alpina São Paulo
Hospital de Transplantes Dr. Euryclides de Jesus Zerbini São Paulo
Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria Joinville (SC)
7 Hospital Estadual Mário Covas Santo André (SP)
8 Hospital Geral de Pirajussara Taboão da Serra (SP)
9 Hospital Regional de Jundiaí Jundiaí (SP)
Hospital Regional de São José dos Campos São José dos Campos (SP)
Hospital Regional do Sertão Central Quixeramobim (CE)
Hospital Regional Norte Sobral (CE)
10 Hospital Geral de Caxias do Sul Caxias do Sul (RS)
11 Hospital da Criança de Brasília José Alencar Brasília
Hospital Municipal Dr. Moysés Deutsch São Paulo
Hospital Regional de Cotia Cotia (SP)
Hospital Regional do Baixo Amazonas do Pará Santarém (PA)
12 Hospital Municipal Universitário São Bernardo São Bernardo do Campo (SP)
13 Hospital Municipal Gilson de Cassia Marques de Carvalho São Paulo
14 Centro Estadual de Reab. e Readap. Dr. Henrique Santillo Goiânia
Hospital Municipal Infantil Menino Jesus São Paulo
Hospital Regional do Cariri Juazeiro do Norte (CE)
Santa Casa de Misericórdia do Pará Belém
15 Hospital Regional de Sorocaba Dr. Adib Domingos Jatene Sorocaba (SP)
16 Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves Serra (ES)
17 Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo Belém
18 Hospital Geral de Itapevi Itapevi (SP)
19 Hospital de Clínicas Municipal de São Bernardo do Campo São Bernardo do Campo (SP)
20 Hospital Municipal Cidade Tiradentes São Paulo
21 Hospital das Clínicas Luiza de Pinho Melo Mogi das Cruzes (SP)
22 Hospital Estadual Sapopemba São Paulo
Hospital Geral do Grajaú São Paulo
Hospital Municipal de Araguaína Araguaína (TO)
23 Hospital Estadual de Urg. Gov. Otávio Lage de Siqueira Goiânia
24 Hospital Alberto Rassi Goiânia
25 Hospital e Maternidade Dr. Odelmo Leão Carneiro Uberlândia (MG)

Fonte: Ibross ( Instituto Brasileiro das Organizações Sociais de Saúde )

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