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Passageiros caminham sobre os trilhos na linha 9, em SP, após trem parar

Problema ocorreu na noite desta quarta (30); ocorrências na linha levaram Promotoria a pedir rompimento da concessão

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São Paulo

Na noite desta quarta-feira (30), uma falha em equipamentos de via fez com que um trem parasse na linha 9-esmeralda. Os passageiros tiveram que descer e caminhar sobre os trilhos até a estação mais próxima, a Grajaú, na zona sul de São Paulo.

Em nota, a ViaMobilidade, administradora da linha, diz que após o problema, ocorrido por volta das 22h15, os passageiros foram acompanhados em segurança pelos agentes de atendimento até que saíssem dos trilhos. A empresa afirma não ter havido impacto na circulação dos trens.

Vídeo mostrando a situação circula nas redes sociais.

Trem da linha 8-diamante; este ramal e o da 9-esmeralda passaram neste ano a ser de responsabilidade da ViaMobilidade - Rivaldo Gomes - 1º.mar.22/Folhapress

Não são raros os problemas enfrentados por passageiros da linha 9-esmeralda, que liga a Vila Natal, no extremo sul da capital, a Osasco, na Grande São Paulo. O volume de ocorrências aumentou desde a privatização da linha, em janeiro deste ano.

As falhas recorrentes levaram o Ministério Público de São Paulo a enviar um TAC (Termo de Ajuste de Conduta) à ViaMobilidade, que se negou a assiná-lo.

Após a recusa, a Promotoria se reuniu com o Governo do Estado de São Paulo e decidiu pedir a rescisão do contrato de concessão das linhas 8 e 9 com a concessionária. A recomendação foi protocolada na última quarta-feira (30).

Os promotores Silvio Marques e Luiz Ambra Neto, que assinam o documento, argumentam que "após a ViaMobilidade assumir as linhas 8 e 9 de trens metropolitanos, ocorreram diversos eventos de natureza grave em razão de erros operacionais, ou seja, que não tinham relação com o material rodante e nem com a infraestrutura".

Eles dizem que a concessionária tenta transferir a responsabilidade das falhas e prejuízos por ela causadas, por ação ou omissão, ao estado de São Paulo e à CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), "inclusive alegando de forma inverídica que recebeu infraestrutura totalmente sucateada, embora tenha vistoriado as instalações físicas, trens e equipamentos durante o processo licitatório".

O pedido de rescisão já era pensado pelo Ministério Público. Em entrevista à Folha no último dia 22 de novembro, Silvio Marques, promotor de Justiça de São Paulo responsável pelo caso, já mencionava a possibilidade.

Em manifestação encaminhada à Promotoria, a ViaMobilidade atribui a responsabilidade das falhas à gestão anterior, da estatal CPTM, que, segundo a concessionária, entregou tanto a linha 9 quanto a 8, também privatizada em janeiro, em péssimas condições.

"Os incidentes noticiados na mídia de suposta má prestação de serviço derivaram em boa parte de razões de ordem técnica preexistentes, que têm natureza imprevisível ou, quando previsível, causa impacto cuja extensão não se pode estimar com antecedência", declarou a ViaMobilidade.

A empresa também elenca problemas que, afirma, fogem de seu controle, como furtos de cabos elétricos.

Em outro trecho, a concessionária declara que, "de todo modo, é inegável que a situação dos meses iniciais da operação comercial se inverteu e, hoje, é bastante distinta; as falhas nas Linhas 8 e 9 se reduzem de forma perceptível, e sua ocorrência cada dia mais se torna excepcional".

Durante um mês, a reportagem utilizou, de ponta a ponta, a linha esmeralda de segunda a sexta em horários e condições climáticas diferentes. Pela manhã, embarcando na estação Vila Natal, na zona sul, rumo a Osasco; à noite, fazia sentido oposto.

Problemas, em menor ou maior escala, foram percebidos em mais da metade das viagens. Paradas entre estações eram recorrentes, atrasando o percurso em até sete minutos. Também havia problemas na ventilação, gerando desconforto para os passageiros.

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