Dois indígenas pataxós são mortos a tiros em rodovia no sul da Bahia

Após as mortes, um grupo com cerca de 200 indígenas bloqueou a BR-101 para cobrar agilidade dos órgãos de segurança na elucidação dos crimes

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Salvador

Dois indígenas da etnia pataxó foram mortos na noite desta terça-feira (17) no município de Itabela, sul da Bahia. A polícia local investiga se os assassinatos estão ligados a conflitos por terra na região.

As vítimas são o adolescente Nawir Brito de Jesus, 16, e Samuel Cristiano do Amor Divino, 25, segundo a Polícia Civil. Ambos viviam na Terra Indígena Barra Velha, vizinha a uma área de mais de 22 mil hectares do Parque Monte Pascoal.

Indígenas que foram mortos nesta terça-feira (17) na BR-101, em Itabela (BA)
Indígenas que foram mortos nesta terça-feira (17) na BR-101, em Itabela (BA) - Reprodução/NaMidia.News no Instagram

Os dois foram mortos a tiros quando se deslocavam do povoado de Montinho para uma das fazendas ocupadas por um grupo indígena, diz a polícia. Testemunhas disseram que homens em uma moto atingiram as vítimas pelas costas.

Por causa das mortes, um grupo com cerca de 200 indígenas bloqueou a BR-101, na altura do km 787, para cobrar a resolução dos crimes, segundo o cacique Zeca Pataxó.

"A situação [os crimes], com certeza, tem a ver com nosso processo de retomada das nossas terras", afirmou o cacique.

"Estamos, agora, reunidos aqui no território da aldeia Barra Velha, enquanto aguardamos a liberação dos corpos pelo IML [Instituto Médico-Legal], para darmos prosseguimento aos rituais fúnebres", disse.

A ministra dos Povos Indígenas do Brasil, Sônia Guajajara, lamentou, por meio de uma publicação numa rede social, as mortes dos jovens. "Perdemos dois jovens pataxó em virtude de conflito por terra e luta por demarcação", afirmou ela. "Acompanharei de perto o que vem acontecendo na região e irei requisitar ação imediata do Estado."

Pouco depois dos assassinatos, ainda na noite desta terça, o Movimento Indígena da Bahia enviou documento ao governo federal no qual denuncia que as comunidades locais "estão sob forte ameaça de pistoleiros".

O documento exige a presença da Polícia Federal, para que a corporação seja a responsável pela investigação do caso. "Visando a proteção das vidas dos indígenas que ali residem", diz o texto, que também pede o envio de órgãos ligados à proteção aos direitos humanos.

A situação dos conflitos se arrasta desde meados do ano passado, o que resultou em outras mortes de indígenas na região. Conforme mostrou a Folha, em agosto, tiros foram disparados contra a Escola Indígena Pataxó Boca da Mata, onde havia cerca de 80 crianças.

À época, os ataques dos pistoleiros levaram o governo baiano a montar uma força-tarefa para impedir novos conflitos.

A Polícia Civil disse que o caso mais recente está sendo investigado pela Delegacia Territorial de Itabela.

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