Dois são mortos em suposta troca de tiros com a Rota em SP

Homens fariam parte de quadrilha especializada em roubos a residências; delegado solicitou acesso a imagens de câmeras de uniformes dos PMs

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São Paulo

Dois homens suspeitos de integrarem uma quadrilha especializada em roubo a residências foram mortos durante uma suposta troca de tiros com policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), na madrugada desta quinta-feira (12), na rua da Consolação, na capital paulista.

Segundo a Polícia Militar, equipes da tropa receberam a informação de que os suspeitos estavam em dois veículos. Um dos carros foi abordado na rodovia Raposo Tavares com três suspeitos. Todos foram presos, de acordo com a PM.

Carro em que estavam suspeitos baleados e mortos em suposta troca de tiros com a Rota, na rua da Consolação, centro de São Paulo - Reprodução/TV Globo

O segundo veículo teria fugido em alta velocidade, sentido zona sul, e perseguido por outra equipe da Rota. Ainda de acordo com a PM, durante a perseguição, o motorista perdeu o controle da direção e bateu o veículo contra um poste na rua da Consolação, no cruzamento com a rua Sergipe.

O veículo era ocupado por três suspeitos, que teriam atirado contra os militares, que revidaram, ainda segundo a PM. Na troca de tiros, os três suspeitos foram atingidos. Dois morreram e um foi socorrido e levado para um hospital da região. Não há informações sobre seu estado de saúde.

Policiais da Rota na rua da Consolação, após suposta troca de tiros que matou dois suspeitos - Reprodução/TV Globo

De acordo com Antonio Carlos Desgualdo, delegado responsável pela Divisão de Homícidios do DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa), responsável pelas investigações, os policiais da Rota declararam que receberam no batalhão uma denúncia anônima sobre uma quadrilha especializada em roubos a residências na Grande São Paulo.

A Folha apurou que a denúncia foi recebida pela Rota às 23h, de quarta (11). A ocorrência foi às 3h13 e a comunicação ocorreu às 5h55.

Os agentes teriam encontrado três membros dessa quadrilha em uma Mercedes-Benz C200, em Cotia. O trio teria indicado a localização de outros três homens na região central de São Paulo, em um Honda Fit.

Ainda segundo o delegado, os agentes da Rota contaram que localizaram esses três suspeitos a partir das informações recebidas e houve perseguição. Após baterem o veículo em um poste, em frente à obra da linha 6-laranja de metrô, eles não teriam obedecido às ordens para baixar os vidros e já desceram atirando contra os policiais

O delegado diz que solicitou à PM acesso às imagens captadas pela câmeras dos uniformes dos policiais envolvidos na ocorrência.

"Não sei quanto tempo vai levar para termos acesso porque são muitas horas de gravação. A gente pediu um recorte de tempo específico, mas sei que precisam descarregar em um servidor, tratar e só então nos enviar. Mas a solicitação já foi realizada", disse Desgualdo. Ainda segundo o investigador, os policiais estão sendo ouvidos, assim como os três suspeitos que estavam no carro detido.

"Os policiais vão precisar explicar a dinâmica dos fatos, como e onde encontraram os suspeitos em Cotia, como encontraram o segundo veículo, já em São Paulo, e como a ação ocorreu", disse Desgualdo.

A perícia foi acionada e efetuou os trabalhos necessários no local. No carro ocupado pelos suspeitos havia três revólveres, segundo a Polícia Civil.

Os dois suspeitos que morreram tinham 25 anos. O terceiro baleado, que foi socorrido e segue internado, tem 24. Entre os três suspeitos abordados e presos em Cotia estão um ajudante geral e um barbeiro, ambos de 26 anos, e um entregador de 20. A reportagem apurou, em pesquisa com os documentos dos suspeitos no site do Tribunal de Justiça, que todos têm passagem pela polícia. A informação foi confirmada pelo delegado do caso. Os suspeitos ainda não apresentaram defesa.

Ainda segundo o delegado, os veículos utilizados pelos suspeitos não têm queixa de crime. O proprietário da Mercedes-Benz está sendo identificado. Já Honda Fit está registrado no nome do pai de um dos suspeitos, que tinha pego o carro emprestado. O pai, segundo Desgualdo, não tem ligação com a ocorrência.

As armas dos cinco policiais envolvidos na perseguição que terminou com as duas mortes foram apreendidas, segundo o delegado.

A Ouvidoria das Polícias do Estado de São Paulo afirmou que acompanha a ocorrência e abriu procedimento administrativo oficial para acompanhar toda a investigação do caso.

LETALIDADE

As medidas implementadas pelo governo para redução da letalidade policial, entre elas o uso de câmeras "grava tudo" acopladas aos uniformes de PMs, levaram a uma queda de 36% no número de mortos em supostos confrontos no estado em 2021, na comparação com 2020.

Conforme a Folha publicou em janeiro de 2022, a redução foi puxada, em boa parte, pelos batalhões integrantes do programa Olho Vivo, que adotaram as câmeras corporais. Nas 18 unidades —na capital, no litoral e no interior—, a redução chegou a 85% nos últimos sete meses de 2021, comparados ao mesmo período de 2020.

O batalhão da Rota —até o começo de 2021 um dos mais letais da corporação— também faz parte das unidades que passaram a usar câmeras. Lá, de acordo com dados oficiais, a redução foi de 89% na letalidade policial.

CRACOLÂNDIA

Nesta quarta (11), a PM, já sob o comando do governador Tarcísio Freitas (Republicanos) e do secretário de segurança Guilherme Derrite, dispersou usuários de drogas que estavam na rua Vitória, no centro de São Paulo, com bombas de gás lacrimogêneo.

A ação ocorreu à tarde, após a Folha mostrar que usuários haviam pintado uma faixa na rua para demarcar o espaço ocupado por eles na cracolândia.

Durante a ação de dispersão, parte dos dependentes químicos e pessoas em situação de rua que estavam entre as vias Conselheiro Nébias e Guaianases seguiu em direção à alameda Barão de Limeira. Cerca de 30 minutos após a ação, no entanto, os usuários retornaram para o ponto na rua Vitória.

A operação policial é primeira desde a mudança de gestão do Governo de São Paulo. No último sábado (7), o governador Tarcísio trocou o delegado responsável pelas operações na cracolândia, que vinham sendo realizadas pela Polícia Civil e pela GCM (Guarda Civil Metropolitana).

Como a Folha mostrou, Tarcísio e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) planejam intensificar as internações de dependentes químicos. A iniciativa faz parte de um projeto conjunto entre município e estado para recuperar o centro da cidade, a ser lançado no próximo dia 23.

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