Yanomamis fazem fila para receber cestas básicas

Aviões da Força Aérea lançam alimentos de paraquedas; carga, que também tem material médico, depois é levada de helicóptero a terra indígena; veja vídeo

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São Paulo

Uma operação conjunta entre a Força Aérea Brasileira e o Exército tem levado, desde o fim de semana, alimentos e medicamentos a comunidades yanomamis em Roraima, que enfrenta grave crise de saúde. A ação consiste em lançar do compartimento de aviões militares cargas presas em paraquedas para posterior distribuição por helicóptero e por terra.

Na segunda (23), uma aeronave KC-390 Millennium decolou da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, com destino à Base Aérea de Boa Vista com 19 toneladas de carga para serem distribuídas na região do Surucucu (RR).

Imagem divulgada pelo Comando Militar da Amazônia, do Exército, mostra yanomamis em fila na porta de um helicóptero militar à espera da distribuição de cestas básicas.

Yanomamis fazem fila para receber cestas básicas distribuídas por militares em ação conjunta do Exército e da Força Aérea Brasileira - Divulgação/Comando Militar da Amazônia (CMA)

Na última sexta-feira (20), o Ministério da Saúde decretou estado de emergência para combater a falta de assistência sanitária que atinge os yanomamis.

A deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR), que irá assumir oficialmente a presidência da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), avalia que os yanomanis passam por um "catástrofe humanitária" em consequência de fatores como a expansão do garimpo ilegal e da degradação ambiental.

Nesta quarta (24), o 1º Esquadrão do 15º Grupo de Aviação realizou pela primeira vez em sua história o lançamento múltiplo de 2 toneladas de medicamentos e produtos médicos básicos de primeira necessidade, tais como soro, gases e seringas, de uma aeronave C-105.

O lançamento múltiplo, diz a FAB, consiste em lançar de uma plataforma fixa até cinco cargas, com a utilização de paraquedas, a aproximadamente 1000 pés.

Só nesta quarta, foram transportados mais de 9 toneladas de cestas básicas e 3 toneladas de medicamentos e materiais hospitalares.

Segundo a FAB, na segunda-feira (23), um cargueiro militar KC-390 lançou 6,4 toneladas de alimentos. Em outra operação no mesmo dia, militares em um avião C-105 realizaram o lançamento de 1,2 tonelada de alimentos e de 95 kg de material médico.

No domingo (22), a FAB afirmou que já havia transportado 2,5 toneladas de alimentos com uso de aeronaves H-60 Black Hawk e C-98 Caravan. Nesse dia, também foi realizada a remoção aeromédica de 21 indígenas do local.

Uma equipe da Força Nacional do SUS embarcou na segunda-feira para Roraima, com a missão de reforçar o atendimento aos indígenas em território yanomami.

Segundo o Ministério da Saúde, 12 pessoas viajaram para a capital Boa Vista para prestar serviços na Casa de Saúde Indígena (Casai) e no hospital de campanha que está sendo preparado pelo Exército.

Ao todo, são 11 voluntários assistenciais e um integrante da equipe de gestão central.

Também foram enviados equipamentos de atendimento de emergência, como pranchas rígidas e desfibriladores externos automáticos (DEA).

Além da declaração, houve a instalação de um Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública. Uma equipe técnica está em Roraima há mais de uma semana.

Nos últimos dias, houve mais de mil atendimentos emergenciais ao povo yanomami, segundo balanço apresentado pelo secretário nacional de Saúde Indígena, Ricardo Weibe Tapeba, na manhã desta terça-feira (24).

No sábado (21), acompanhado de ministros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitou unidades de saúde indígena na capital Boa Vista, o que deu visibilidade à crise de saúde no território, agravada pela presença ilegal de 20 mil garimpeiros na reserva.

Lula disse ter se impressionado com as imagens, como a de uma mulher que morreu na semana passada.

A indígena fotografada em condições severas de desnutrição, cuja imagem foi divulgada para denunciar as condições de saúde dos indígenas na maior terra indígena do Brasil, morreu na semana passada em sua comunidade.

YANOMAMIS -VEJA COMO AJUDAR

Cufa e FNA

A Central Única das Favelas e a Frente Nacional Antirracista aceitam alimentos não perecíveis e doações em dinheiro.

Os recursos financeiros podem ser transferidos via pix, com a chave doacoes@cufa.org.br, ou pela campanha www.vakinha.com.br/3412341, e os mantimentos podem ser deixados nas sedes da Cufa.

Em São Paulo, as sedes ficam na rua Major José Marioto Ferreira, 12, no Paraisópolis; na rua Coronel Silva Castro, 151, em Heliópolis; e na rua Antônio Amaral Ferreira, 74, no Parque Santo Antônio.

Os alimentos serão transportados até Roraima com apoio logístico da Favela Log, e as ações de separação e distribuição podem ser acompanhadas na página da Cufa no Twitter.

Conselho Indígena de Roraima

O Conselho Indígena de Roraima criou a campanha SOS Yanomami para ajudar na compra de alimentos e remédios. As doações podem ser feitas via Pix ou transferidas para a conta da entidade (clique aqui para ver os detalhes).

O conselho realizará na tarde desta quarta (25) uma transmissão no Facebook com o assessor jurídico Nicácio Farias, do povo Wapichana, para tirar dúvidas sobre a arrecadação e destinação dos recursos.

Hutukara Associação Yanomami

A Associação Hutukara, representante do povo Yanomami presidida pelo líder indígena Davi Kopenawa, recebe doações pela chave Pix 07.615.695/0001-65 (CNPJ).

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