Descrição de chapéu Alalaô

Chuva e furtos de celular são hits em bloco na Faria Lima, em SP

Ao som dos Beatles, foliões enfrentam tempo fechado e se queixam da falta de segurança

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São Paulo

Sob nuvens carregadas, o desfile do bloco Sargento Pimenta, na avenida Brigadeiro Faria Lima, na zona oeste de São Paulo, começou pouco depois das 12h deste sábado (11). Uma multidão, majoritariamente formada por millennials que abusavam da cor, brilho e estampas animalescas enquanto esboçavam coreografias ao som do repertório dos britânicos Beatles, o acompanhava.

"Existe uma dança para afastar chuva?", perguntava o empresário Pedro Prado, 41.

Sob chuva, pessoas acompanham o cortejo do bloco Sargento Pimenta, que se concentra na Avenida Brigadeiro Faria Lima, zona oeste de São Paulo - Bruno Santos/Folhapress

Não teve jeito. Poucos minutos depois, um temporal obrigou foliões a se abrigarem onde puderam. Sob árvores, food trucks ou guarda-sóis que acompanhavam carrinhos para venda de bebidas.

Cerca de dez minutos depois, tudo já havia acabado.

Encharcadas, as pessoas voltaram a cantar, dançar e, sempre que surgia uma oportunidade, se beijar.

Por volta das 13h20, subiu ao palco a cantora Ana Cañas, que prosseguiu cantando Beatles.

Apesar da estrondosa adesão à trilha sonora, foram os furtos de celular o maior hit do bloco.

A maioria dos relatos é de celulares desaparecendo dos bolsos de calças e bermudas, mas também há reclamações de pochetes abertas.

Questionada a respeito dos furtos, a PM afirmou que foi acionada para duas ocorrências em um bloco na avenida Faria Lima na tarde deste sábado. "Prontamente, equipes começaram as buscas para localizar os suspeitos", completa.

A corporação ainda afirmou que, posteriormente, prendeu um suspeito de furtar celulares na rua Henrique Schaumann, nas proximidades do bloco. Cinco aparelhos foram localizados com o detido.

Um dos casos de crimes ouvidos pela reportagem foi da funcionária pública Carla Gomes, 36. Ela diz que, durante tumulto para se proteger da chuva, foi segurada por dois homens que teriam levado seu aparelho celular e cartão de crédito.

Ela tentou pedir auxílio aos policiais presentes, mas eles responderam ser difícil localizar os responsáveis em meio aos milhares de carnavalescos. Carla comprou duas latinhas de cerveja e afirmou que esqueceria de tudo bebendo.

Ao menos dez queixas foram feitas à reportagem, como a de Laura Dantas, 23, que aguardava na quilométrica fila do banheiro químico.

"Pegaram do meu bolso. E com tanta polícia aqui é ainda mais revoltante", disse Laura.

Três viaturas da polícia e mais de 20 agentes guardavam o local.

No centro, três homens foram presos na praça do Patriarca. PMs flagraram o momento em que eles praticaram um furto. Com o trio foi encontrado um iPhone 13 Pro Max. Eles foram conduzidos para o 77° DP (Santa Cecília).

A Secretaria da Segurança Pública, por sua vez, reiterou a importância de realizar o boletim de ocorrência para realizar o mapeamento dos locais onde crimes aconteceram. A pasta ainda chamou atenção para a operação especial voltada a segurança durante o Carnaval.

"O patrulhamento foi intensificado com cinco mil viaturas, além de 518 cavalos, 283 cães, 24 aeronaves e 168 drones", afirma trecho da nota.

Casa Comigo celebra dez anos

Nem o tempo instável afastou os foliões da comemoração de dez anos do bloco Casa Comigo, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, na tarde deste sábado.

Com um repertório nostálgico, que foi de Banda Eva à Turma do Pagode, o grande público, formado em sua maioria por adolescentes, brigava por espaço em uma abarrotada rua Henrique Schaumann —não há estimativa oficial do total de comparecimentos, mas a organização esperava mais de 10 mil pessoas.

Os trajes eram diversificados, mas uma antiga tendência não abandonou o rolê pós-pandêmico: homens sem camiseta andavam em bando e mulheres desfilavam croppeds e minissaias de todas as cores.

Nada abalava os foliões —e motivos se amontoavam. Furtos de celulares, chuva torrencial e brigas por motivos fúteis criavam o caos perfeito. "Não dá pra desanimar, né? Já estamos aqui, bora nos jogar", disse o designer Henrique Serafim, 28.

Minutos depois, Julia Endres, 23, namorada de Henrique, teve seu celular furtado do bolso traseiro de seus shorts. "Não deu pra ver, só senti. Quando olhei, não vi ninguém. Acabou pra mim", declarou Endres.

A reportagem observou dezenas de garotos que caminhavam observando pochetes e bolsos alheios. Policiais presentes no local também observavam os jovens, mas de longe. Questionados, os PMs afirmaram não ter havido nenhuma ocorrência grave.

Também houve relatos de assédios, todos praticados por homens com sinais de embriaguez. Uma confusão chegou a interromper o fluxo da festa por alguns minutos. Segundo relatos, um homem de cerca de 30 anos insistia em tentar beijar uma garota menor de idade.

Historicamente, o Casa Comigo tem a fama de ser um bloco menos amigável para membros da comunidade LGBTQIA+, que evitam frequentá-lo.

Neste sábado, a situação era diferente. Muitos grupos, compostos principalmente de jovens gays, lá estavam. Os amigos Gabriel Souza, 18, e Pedro Mosqueira, 22, eram duas dessas pessoas.

"Realmente, tem muito heterotop [homens heterossexuais de exacerbada masculinidade], mas a gente tem que mostrar as garras e ocupar os espaços mesmo", disse Pedro.

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