Descrição de chapéu Governo Lula yanomami

Instalar hospitais para yanomamis depende de saída de garimpeiros, afirma secretário

Chefe de Saúde Indígena, Weibe Tapeba diz que governo planeja implantar duas unidades de campanha na região

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João Paulo Pires
Boa Vista

Duas semanas após ter descrito um cenário de guerra e classificado como alarmante o cenário da saúde pública nas comunidades yanomamis em Roraima, o secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Ricardo Weibe Tapeba, fez nesta terça (7) um balanço dos trabalhos iniciais da força-tarefa do governo Lula (PT) para conter a crise.

"Estamos aqui há praticamente um mês com nossas ações de urgência e emergência em ação coordenada pelo governo federal para salvar vidas, combatendo o que nós estamos chamando de projeto de genocídio em curso do povo yanomami", afirmou Tapeba em entrevista coletiva na sede do Dsei-Y (Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami) em Boa Vista.

Homem de terno e cocar é fotografado da porta de seu gabinete; ele está sentado em uma cadeira e olha para a câmera de longe
Ricardo Weibe Tapeba, secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde - Gabriela Biló - 31.jan.2023/Folhapress

Apenas no mês de janeiro deste ano, o DseiY fez remoção de 223 indígenas em estado grave, o que incluem movimentações dentro do próprio território quanto a transferência polo de saúde básica de Surucucu para Boa Vista.

Agora, após o primeiro momento da instalação do hospital de campanha ao lado da Casai-Y (Casa de Saúde Indígena Yanomami) e do envio da Força Nacional do SUS, a ideia da secretaria é implantar pelo menos dois hospitais de campanha no território yanomami, um na região do Surucucu e outro no Auaris para desafogar a alta demanda de pacientes que precisam ser removidos por aviões da área indígena para a capital.

"Estamos aguardando a conclusão da reforma da pista de Surucucu para a gente tentar antecipar ou agilizar a implantação de um novo hospital de campanha naquela região. Entendemos que neste momento precisamos de no mínimo dois hospitais de campanha funcionando no território e temos clareza de que é possível fazer o tratamento de muitos desses pacientes no próprio território", disse.

No entanto, para implantar as unidades, Weibe relatou que é preciso que ocorra a saída dos garimpeiros destas regiões. "Nós acreditamos que só será possível assegurar uma universalização da saúde indígena do povo yanomami com a retirada dos garimpeiros para a das comunidades e dos nossos profissionais", completou.

Atualmente, de acordo com o Centro de Operações de Emergência Yanomami, criado para lidar a nível nacional e local com a crise, a terra yanomami possui 68 unidades de saúde, entre polos-bases e unidades básicas de saúde. Cinco pontos estavam fechados pelo avanço de garimpeiros ilegais na região e duas unidades voltaram a atender os indígenas.

Ainda de acordo com Weibe, será avaliada a portaria de emergência sanitária por desassistência ao povo Yanomami, que tem período de vigência de 90 dias e pode ser prorrogada. "O que nós devemos ter como horizonte é que tão logo haja uma normalidade, uma segurança no território, caberá à Sesai recompor as equipes a partir do contrato de recrutamento com profissionais da saúde", disse.

Região com 30 mil habitantes em Roraima, a terra indígena yanomami vive uma explosão de casos de malária, incidência de verminoses facilmente evitáveis, infecções respiratórias e agravamento da desnutrição, especialmente entre crianças e idosos.

O quadro foi agravado pela permanência de garimpeiros ilegais no território.

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