Descrição de chapéu Obituário Walmyr Peixoto (1952 - 2023)

Mortes: Fã de Carnaval e Nelson Rodrigues, militou pela cultura

Walmyr Peixoto foi repórter e editor de esportes, além de letrista de sambas

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São Paulo

Democrata, militante, compositor de sambas e pai dedicado, Walmyr Peixoto foi muitas coisas. Acima de tudo, tricolor de coração. O nome do time acompanhou o jornalista nos mais de 30 anos como repórter e editor no jornal O Fluminense, de Niterói (RJ), e na presidência do "Fluminensinho", apelido dado ao Fluminense Atlético Clube, que homenageia o carioca.

"Ele ensinava as pessoas a alçarem voos. Como pai, resumiria em duas palavras: diálogo e cultura", diz a filha Fernanda Peixoto, 41.

A cultura chegava até as reprimendas. "Quando meu pai colocava a gente de castigo, era para fazer cópia de livro, era uma coisa muito forte para ele", afirma.

webber e walmyr posam para foto, webber tem a mão esquerda sobre o ombro esquerdo de walmyr. sam camisas de bloco de carnaval
O jornalista Webber Lopes, 61, à esquerda, e Walmyr Peixoto (1952-2023), à direita - Arquivo pessoal

Não por acaso, um de seus feitos foi se juntar com amigos para instalar o calçadão da cultura, espaço de mobilização artística, literária e carnavalesca. Foi ali que surgiu o bloco Filhos da Pauta, do qual Walmyr foi letrista.

"Ele era muito bom. Pegava um samba-enredo já conhecido e fazia as paródias, sempre em cima das tristes realidades da vida de jornalista, com crítica ao patrão", lembra o amigo Webber Lopes, 61. Ele conta que Walmyr se tornou fã de Nelson Rodrigues, dedicando-se a escrever peças de teatro, além de livros e poemas.

O trabalho de jornalista na ditadura rendeu alguns sustos. Nos anos 1970, então repórter do jornal Última Hora, ele chegou atrasado a um jogo da seleção brasileira no Maracanã.

Para recuperar o tempo perdido, agachou-se durante a execução do hino para anotar a escalação dos times, quando foi visto por um dos figurões que estavam numa área acima, na tribuna de honra.

"Um dos generais viu e mandou dar voz de prisão porque era um indivíduo desrespeitando o hino. Ele não viu o jogo e não conseguiu trabalhar", lembra Webber. Detido, seria liberado horas depois pela equipe jurídica do jornal.

Anos mais tarde, foi o responsável por fazer a edição especial de O Fluminense para o dia seguinte à conquista do tetracampeonato do Brasil na Copa do Mundo. "O jornal não circulava às segundas, e tive a chance de participar dessa edição com a Copa que o Brasil conquistou depois de 24 anos sem ganhar", diz Eduardo Lamas, 56.

Walmyr Peixoto deixou duas filhas, um neto e uma coleção de poemas, letras de música e peças de teatro. Morreu no Rio, em 13 de janeiro, aos 70 anos, em decorrência de problemas cardíacos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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