IBGE encerra coleta do Censo e inicia apuração final após atrasos

Nova fase prevê ações pontuais em áreas já visitadas; divulgação dos primeiros dados está agendada para fim de abril

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Rio de Janeiro

Após sete meses de trabalho e com atraso, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) anunciou nesta quarta-feira (1º) o fim da coleta domiciliar do Censo Demográfico 2022.

Essa etapa foi oficialmente concluída na terça (28). Com isso, o IBGE inicia agora a fase final de apuração do levantamento, que prevê revisões e medidas pontuais em campo.

A divulgação dos primeiros dados da contagem da população brasileira está agendada para o fim de abril. Até terça, a coleta recenseou quase 189,3 milhões de pessoas, disse o IBGE.

Recenseador coleta dados em quilombo de Cabo Frio (RJ) no primeiro mês do Censo - Eduardo Anizelli - 17.ago.2022/Folhapress

O contingente equivale a cerca de 91% da população prevista, considerando a prévia do Censo divulgada pelo órgão em 28 de dezembro de 2022. Na ocasião, o levantamento havia calculado o número de habitantes em 207,8 milhões.

É natural que os recenseamentos não consigam contar 100% da população estimada, segundo o doutor em demografia José Eustáquio Diniz Alves, pesquisador aposentado da Ence (Escola Nacional de Ciências Estatísticas), ligada ao IBGE.

Quando isso ocorre, a parcela restante passa por um processo de imputação, uma técnica que busca aferir os dados ausentes na contagem inicial.

A questão, diz Alves, é que a população imputada costuma ser inferior a 9% das estimativas. "Em censos anteriores, a diferença foi menor. Isso reflete as dificuldades que o IBGE teve no Censo".

Mesmo assim, o especialista avalia que o processo final de apuração tem condições de promover ajustes, caso sejam necessários.

"É preferível ter um Censo com menor cobertura do que não ter nada. Não ter nada seria muito mais complicado. Tendo a achar que temos condições de fazer correções", afirma.

Embora a coleta tenha sido oficialmente encerrada, a etapa de apuração ainda prevê ações específicas em parte dos domicílios. Nessa fase, supervisores técnicos do IBGE podem determinar retornos a áreas já visitadas pelo instituto.

Ou seja, determinados bairros em algumas cidades podem passar por ações de conferência dos dados já coletados ou de checagem se os domicílios que estavam vazios estão, de fato, desocupados.

"A etapa de apuração compreende os trabalhos de análise dos dados do Censo, a serem realizados pelo Comitê de Fechamento do Censo (CFC). Ressaltamos que estes trabalhos –que incluem verificações específicas de setores censitários e municípios selecionados pelo CFC– vão implicar alguns retornos a campo", disse o IBGE.

Além de fazer a apuração final das informações, o instituto também realizará neste mês uma operação pontual de coleta junto aos moradores da Terra Indígena Yanomami. O território vem recebendo ações das forças de segurança contra o garimpo ilegal.

Conforme o Ministério do Planejamento e Orçamento, que tem o IBGE sob sua estrutura, a operação censitária com os indígenas será feita a partir da próxima segunda-feira (6).

Dependendo das condições climáticas no território, que passa pelos estados de Roraima e Amazonas, o trabalho será concluído em 20 a 30 dias, disse a pasta.

"Durante a realização do Censo, os recenseadores já coletaram dados de 50% dos moradores do território Yanomami. Agora resta a metade final, que vive em áreas de acesso especialmente complexo", afirmou o ministério.

O instituto disse que também segue em operação a PPE (Pesquisa de Pós-Enumeração). "Uma das etapas do Censo Demográfico, a PPE contempla uma amostra de cerca de 1,5% dos setores censitários. Seu principal objetivo é fornecer recursos para a avaliação da cobertura e da qualidade da coleta", afirmou o IBGE.

"Possíveis falhas na cobertura e na qualidade das informações declaradas pelos moradores são fenômenos comuns em censos demográficos de diversos países, uma vez que os censos são operações complexas, sujeitas a imprecisões que cabem ser conferidas e corrigidas. A PPE ajuda a verificar se ocorrem e onde ocorrem imprecisões", acrescentou.

Coleta teve atrasos

O Censo é o retrato mais detalhado das condições demográficas e socioeconômicas da população brasileira. A coleta foi iniciada em 1º de agosto de 2022. À época, o IBGE planejava concluir essa etapa em três meses, até outubro.

O levantamento, contudo, sofreu uma série de atrasos. O IBGE enfrentou dificuldades para contratar e manter em atividade os recenseadores.

Parte desses trabalhadores, contratados de maneira temporária, reclamou de atrasos em pagamentos e de valores em nível abaixo do esperado. Houve desistências e ameaça de greve na categoria.

A nova edição do Censo estava prevista para 2020, mas foi adiada para o ano seguinte em razão da pandemia. Em 2021, houve novo atraso devido ao corte de orçamento para a pesquisa no governo Jair Bolsonaro (PL). Assim, o início da coleta ficou para 2022.

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