Descrição de chapéu Obituário Antonia Telma Pacheco de Oliveira (1972 - 2023)

Mortes: Artesã e escritora, plantou sementes pela preservação

Telma Tremembé deixou um legado na cultura indígena

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São Paulo

Antonia Telma Pacheco de Oliveira, ou Telma Tremembé, trilhou caminhos na cultura e na militância em prol da causa indígena e de meio ambiente. No ativismo, atuou em institutos como Greenpeace e Verdeluz.

"Ela dizia que não viemos ao mundo para sermos sementes, mas se conseguíssemos plantar uma semente em cada pessoa, já teria valido a pena a passagem por aqui. E foi isso o que ela fez", afirma a filha Beatriz Pacheco Augusto Aristóteles, 18.

Filha de Francisco Pacheco de Oliveira e Bernadete Pacheco Martins, Telma pertencia à etnia Tremembé de Almofala, em Itarema (CE). Tornou-se uma das referências do movimento indígena nordestino.

Antonia Telma Pacheco de Oliveira (1972 - 2023)
Antonia Telma Pacheco de Oliveira (1972 - 2023) - Arquivo pessoal

Apesar da formação técnica em contabilidade, Telma redirecionou sua carreira para o empreendedorismo, a conexão com as pessoas e o gosto pelo artesanato.

"Minha mãe contava que o mar a chamava. Ela viajava sozinha conhecendo as praias e aproveitava para trabalhar. Fez amizades em todos os locais por onde passou", relata Beatriz. Na época, Telma morava em Fortaleza.

Em meados de 2015, voltou a viver em uma aldeia, no município de Aquiraz (CE). Além de artesã, Telma Tremembé foi agricultora, contadora de histórias, palestrante e mediadora de leitura.

Como voluntária, palestrou em escolas e universidades sobre questões ligadas ao povo indígena.

Publicou duas obras: "Livro sem Letras: Territórios dos Povos Indígenas do Ceará" (Caixeiro Viajante, 2021) e "Raízes do Meu Ser: Meu Passado Presente Indígena" (Aprender, 2018 e Caixeiro Viajante, 2019) —ambas em coautoria com a filha, Beatriz. A escritora participou da Bienal do Livro do Ceará e de outros eventos importantes da agenda cultural cearense.

De 2017 a 2018, foi membro do Fórum de Literatura, do Livro, Leitura e Biblioteca do Estado do Ceará.

Telma fez quatro cursos de formação: Patrimônio Cultural e Alfabetização Museológica (Instituto Intervalo), Mediadores de Leitura (Universidade Aberta do Nordeste, da Fundação Demócrito Rocha), Bem-viver: Saúde Mental Indígena (Campus Virtual Fiocruz) e o Fazer da Saúde Indígena (Universidade Federal de São Paulo e Universidade Aberta do SUS).

Alegre, Telma abria as portas de sua casa, na aldeia, para apresentar às crianças e aos jovens o trabalho que realizava, o artesanato e a literatura.

"Ela acreditava no poder das novas gerações, e que se cada um fizesse a sua parte por uma sociedade justa e igualitária, e pela preservação da natureza, seria possível salvar o mundo."

Telma morreu dia 19 de março, aos 50 anos, por complicações de um câncer. Deixou o companheiro e a filha.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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