O estado de São Paulo bateu recorde nos casos de feminicídio no primeiro trimestre deste ano. Foram registrados 62 casos, uma alta de 24% em relação ao mesmo período de 2022, que teve 50 mortes. A série histórica começa em 2018.
Na capital paulista, os homicídios dolosos caíram à mínima histórica de 119 casos, menos de um décimo das 1.375 ocorrências de 2001 —primeiro ano da série histórica.
Os casos de estupro também subiram, tanto no estado (882 casos) quando na capital (205), com altas de 23,5% e 29,7% em relação ao ano passado. Os números reverteram quedas registradas entre 2021 e 2022.
Os números completam o primeiro trimestre do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) e foram publicados pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo nesta terça-feira (25).
Os furtos na capital subiram 15% em relação ao ano passado, com 61,2 mil casos. O índice supera os registros de 2019, antes da pandemia. Os roubos, por sua vez, chegaram a 35.196 casos, com alta de 3,8%, e também superam o período anterior à crise sanitária.
A gestão Tarcísio tem dito que vai aumentar o efetivo de policiais, hoje com déficit de 32% na Polícia Civil, 25% na Polícia Técnico Científica e 14% na Polícia Militar.
A Secretaria de Segurança Pública também afirmou à Folha, em posicionamentos anteriores, que a Polícia Civil reforçou o combate à receptação de produtos furtados e roubados.
Já as apreensões de armas no estado, que vinham caindo desde 2019, voltaram a crescer no primeiro trimestre deste ano, com 2.772 retiradas das ruas e alta de 6% em relação ao ano passado.
Os roubos (3.870) e furtos (10.134) de veículos na capital aumentaram no primeiro trimestre em relação ao ano passado. Os dois índices caíram entre 2019 e 2021, durante as fases com mais restrições da pandemia, e voltaram a crescer no ano passado.
Para o coronel reformado da PM paulista José Vicente da Silva, o aumento nos dados de furto, especialmente o de veículos, pode indicar uma redução do roubo, que envolve violência. "Quando se rouba um carro, há uma predisposição, uma ousadia maior, é um fator gerador de violência na sociedade. Se bandidos evitam usar a força, é um sinal positivo."
Vicente, que é ex-secretário nacional de Segurança Pública, afirma que a presença policial baseada nos locais indicados em chamados do 190 também ajuda a coibir crimes violentos. "É a presença mais inteligente: a polícia identifica os pontos críticos e vai até eles fazer a prevenção efetiva".
Ainda, ele celebra a queda de homicídios, e diz que a análise de feminicídios precisa ser feita caso a caso. "Tem um conteúdo mais social do que policial, é difícil fazer uma prevenção apenas do ponto de vista policial, assim como o estupro. Precisa analisar com o apoio de equipes de diversidade."
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