Descrição de chapéu Folhajus yanomami

Justiça mantém na terra yanomami empresa suspeita de garimpo ilegal

Juiz decidiu que Cataratas Poços Artesianos deve realizar os serviços contratados pelo poder público em benefício da comunidade local

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Brasília

A Justiça Federal em Roraima determinou que a Cataratas Poços Artesianos retire equipamentos e funcionários da Terra Indígena Yanomami somente após a execução dos contratos firmados com o Exército e com a Secretaria Especial de Saúde Indígena, do Ministério da Saúde, para a perfuração de poços no local. A empresa é suspeita de garimpo ilegal na região.

Segundo a decisão da 4ª Vara Federal Criminal em Boa Vista, sócios, administradores, funcionários, procuradores e prepostos da Cataratas estão proibidos de acessar e permanecer na região para a execução de outros eventuais contratos firmados com o poder público.

Foi decretada a "suspensão parcial do exercício de atividade econômica dos requeridos no que se refere à exploração de quaisquer atividades na Terra Indígena Yanomami, incluindo a execução de contratos públicos, salvo prévia autorização judicial específica em sentido diverso".

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Grupo especial de fiscalização do Ibama chega de helicóptero em ação contra garimpo ilegal na TI Yanomami - Lalo de Almeida/ Folhapress

A Cataratas é ligada a Rodrigo Martins de Mello, conhecido como Rodrigo Cataratas. Ele e outras pessoas ligadas à empresa foram denunciados pelo MPF (Ministério Público Federal) sob suspeita de integrar organização criminosa para exploração ilegal do solo na área das comunidades tradicionais. A Justiça Federal aceitou a denúncia e os tornou réus. Eles negam as acusações.

Na semana passada, representantes do MPF acionaram a Justiça Federal pela suspensão de contratos para perfuração de poços artesianos na terra indígena firmados pela Cataratas com o 6º Batalhão de Engenharia de Construção, vinculado ao Comando Militar da Amazônia.

Além de apontar irregularidades na escolha da Cataratas pelo Exército —realizada na modalidade dispensa de licitação—, a Procuradoria alegou que a contratação da empresa poderia "ser utilizada como tentativa de conferir" legitimidade à manutenção da presença de infratores na região.

"A empresa Cataratas Poços Artesianos e seus respectivos sócios foram denunciados pelo MPF em 2022, e depois se tornaram réus, pela exploração ilegal de minérios na terra indígena. As pessoas físicas, entre outros delitos, ainda respondem por lavagem de bens, por integrarem organização criminosa e por dificultarem as investigações", afirmou o MPF.

O juiz federal Rodrigo Antonio Gomes Mello afirmou que não compete à 4ª Vara Criminal a análise das alegadas irregularidades na contratação, por se tratar de matéria administrativa.

Entendeu, em seguida, que não seria o caso de sustar imediatamente a continuidade dos serviços contratados ainda que exista "o risco de que os requeridos [investigados] se utilizem desses contratos específicos para fornecimento de apoio logístico à atividade de garimpo ilícito".

Mello disse que a perfuração de poços permitirá acesso a recursos hídricos em benefício das comunidades locais e que há notícia de que toda uma estrutura necessária para a realização do serviço já foi mobilizada pela Cataratas Poços Artesianos no local.

O magistrado afirmou que a prestação dos serviços está inserida no contexto dos esforços que estão sendo empreendidos pelo Estado brasileiro para responder à situação de emergência que atinge os yanomami e que medida judicial mais grave prejudicaria as comunidades.

"Logo, deverá a requerida Cataratas Poços Artesianos Ltda. proceder à retirada de todos os seus equipamentos e funcionários daquela região imediatamente após a execução dos contratos firmados com o Comando do 6º Batalhão de Engenharia de Construção (Ministério da Defesa) e com a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Ministério da Saúde)", afirmou o juiz federal.

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