Descrição de chapéu Obituário José Antonio dos Santos (1962 - 2024)

Mortes: Caminhoneiro fundou grupo de reisado no Cariri cearense

Mestre Mosquito foi brincante de cultura popular e dirigiu por muitas estradas brasileiras

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Juazeiro (BA)

Entre as tradições do Cariri cearense, o Reisado de Nossa Senhora das Dores reúne 16 brincantes do bairro Frei Damião, em Juazeiro do Norte (CE). O grupo foi fundado no dia 20 de dezembro de 1993 pelo Mestre Mosquito, que reuniu filhos e vizinhos no festejo.

O mestre que cantava, atuava e comandava o grupo já tinha sido durante muitos anos brincante de outros reisados da região. Aprendeu com grandes mestres da cultura popular nordestina as belezas da tradição.

José Antonio dos Santos nasceu em Santana de Ipanema (AL), em 1962. Era o único filho da agricultora Julia Ferreira, que trabalhava nas fábricas de carvão. Aos 7 anos acompanhou a mãe na mudança para o Ceará, em busca de melhores condições de vida.

José Antonio dos Santos (1962 - 2024)
José Antonio dos Santos (1962 - 2024) - @carrocademamulengos no Instagram

Na adolescência, trabalhava como ajudante de caminhão. Quando tirou a carteira de motorista, aos 17, assumiu a profissão de caminhoneiro, que levou durante toda a vida. Sempre contava histórias vividas nas estradas.

Durante décadas foi motorista da Carroça de Mamulengos, companhia teatral na qual também gostava de ajudar nas montagens e até se divertia em cena. "Para nós, fica uma saudade imensa de um amigo querido. Motorista do nosso ônibus Brasilino, levou a Família Carroça de Mamulengos por muitas estradas desse Brasil. Foram quase 30 anos de histórias vividas com esse senhor que muito nos alegrou com seu jeito de existir", publicou a companhia nas redes sociais.

Saiu da companhia e voltou às estradas para trabalhar por conta própria. Transportava material de construção entre os estados.

De uma relação de 29 anos com Maria Zélia, teve oito filhos, sendo seis mulheres e dois homens. "Meu pai era uma ótima pessoa. Superatencioso com os filhos, era muito brincalhão e ajudava todo mundo", diz Maria Aparecida Honorato, 38.

Devoto de Nossa Senhora das Dores, todo santo dia ele ia à capelinha do bairro acender velas. Era sua obrigação, mesmo não sendo uma promessa.

Em janeiro, Mosquito caiu de uma escada em casa, enquanto tentava consertar uma goteira, e bateu a cabeça. Foram meses entre idas e vindas ao hospital. Na terceira volta para casa, morreu perto da família, aos 61 anos, no dia 27 de maio.

Deixa os filhos José Júnior, Maria Aparecida, Fabiana, Gicélia, Marciana, Luciana, Juliana e Antonio Marcos, além de cinco netos e seu brinquedo de reisado. "Ele sempre falou para gente que nunca ia querer que acabasse o reisado, e que eu continuasse. É o que vou fazer", afirma a filha.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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