Descrição de chapéu Obituário Flavio Jorge Rodrigues da Silva (1953 - 2024)

Mortes: Foi um dos líderes do movimento negro brasileiro

Flavio Jorge esteve na fundação de importantes entidades sociais do país

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Juazeiro (BA)

Griô: é assim que as organizações de movimentos negros brasileiros se referem a Flavio Jorge. O título é dado aos que guardam sabedorias ancestrais. O ativista social protagonizou as lutas pelos direitos da população negra brasileira.

Esteve na fundação da Soweto, organização negra de São Paulo, e da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas. Atuou na Coordenação Nacional de Entidades Negras, na Secretaria Executiva de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e na Fundação Perseu Abramo.

Flavio Jorge Rodrigues da Silva nasceu em Paraguaçu Paulista, no interior paulista, em 1953. Primeiro filho de Francisco Jorge e Lydia Rodrigues, foi criado com seus dois irmãos, Paulo e Mariana, sob o olhar atento da avó paterna Mariana, a quem era apegado.

Um homem de camisa azul está sentado em uma livraria, ao lado de uma mesa redonda que exibe vários exemplares de um livro. Ao fundo, há prateleiras cheias de livros de diferentes cores e tamanhos.
Flavio Jorge Rodrigues da Silva (1953 - 2024) - Arquivo pessoal

Aos 17 anos, Flavio mudou-se para São Paulo, onde ingressou no curso de ciências contábeis da PUC-SP. Na faculdade, iniciou nos movimentos sociais. O jovem foi um dos fundadores do Grupo Negro da PUC, que promovia ações na década de 1980 para além dos muros da universidade.

Nos corredores da universidade, conheceu a Gê, Gevanilda, com quem foi casado por mais de três décadas e teve seus dois filhos, Marina e Pedro.

Aos filhos, falava sobre as lutas raciais. "Em muitos encontros que eram realizados, a gente ia junto. Em casa, pessoalmente, a gente sempre conversava sobre os problemas, empoderamento e necessidades", lembra o filho Pedro Jorge, 35.

Em 1977, Flavio foi preso político durante a ditadura militar. Também esteve presente no movimento das Diretas Já.

Flavio foi o primeiro secretário nacional de Combate ao Racismo (1995 a 1999) do PT, partido do qual foi um dos fundadores. Também compôs a Executiva Nacional do PT e esteve no grupo de trabalho eleitoral de Lula em 2003. No Instituto Lula, foi conselheiro.

O presidente lamentou a morte do ativista em nota de pesar. "Com grande tristeza, soube do falecimento de Flavio Jorge, militante e fundador do PT, uma referência das lutas pelos direitos do trabalhadores e do povo negro", diz a nota.

O corintiano roxo, que sempre morou na região do Ipiranga, tinha costume de acordar cedo e ler jornal ao tomar café. Em casa, assistia a muito futebol e notícias na TV.

"Um bom vizinho, era uma pessoa muito forte dentro do bairro, todo mundo conhece. Morou na rua Oliveira Melo até o fim da vida. Era uma pessoa calma, sempre muito discreto", afirma o filho.

Flavio morreu no dia 6 de junho, aos 70 anos, em decorrência de um câncer no intestino. Deixa os filhos Mariana, 39, e Pedro, 35, além dos netos Zion, 10, e Isadora, 7.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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