Descrição de chapéu Caso Marielle

Élcio Queiroz diz que Ronnie Lessa foi desleal ao envolvê-lo na morte de Marielle

Ex-PM diz que não sabia que participaria de assassinato até entrar no carro; 'não podia refugar, até por minha segurança'

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Rio de Janeiro

O ex-PM Élcio Queiroz afirmou nesta sexta-feira (30) que não sabia que participaria de uma emboscada até entrar no carro usado no homicídio da vereadora Marielle Franco (PSOL). Ele assumiu que dirigiu o veículo para que o também ex-PM Ronnie Lessa realizasse os disparos.

Em depoimento ao STF (Supremo Tribunal Federal), Queiroz, que firmou acordo de colaboração premiada, disse que não poderia mais desistir de participar do crime por temer retaliação do próprio Lessa, também delator, e de outras pessoas que acreditava estar envolvidas.

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O ex-PM Élcio Queiroz, réu confesso pela morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), depõe no STF (Supremo Tribunal Federal) em ação penal sobre o caso. - Reprodução

"Acho que ele foi desleal comigo, me enganou e usou outras pessoas. [...] Quando vi que estava naquela situação, não tive como voltar mais, até por questões de segurança para mim mesmo", disse Élcio na audiência virtual.

O ex-PM presta depoimento na ação penal em que os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão são acusados de serem os mandantes do crime. O processo tem também como réu o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil, e dois PMs, acusados de participarem do planejamento do crime.

Élcio afirmou que soube do envolvimento de Lessa no planejamento de um homicídio durante o Réveillon de 2017/2018. Na ocasião, porém, ele não indicou quem seria o alvo.

De acordo com o colaborador, Lessa enviou uma mensagem no dia do crime pedindo para que dirigisse para ele. Junto com o texto, ele enviou uma foto do convite para o evento em que Marielle estava.

Ele afirma que soube que participaria do crime apenas quando viu o carro que sabia que era usado no monitoramento da vítima.

"Eu já tinha visto esse carro. Quando eu esbarro com esse caro, era uma ida sem volta. Mas no momento que eu refugo, também me coloco em risco. Seria mais uma pessoa a saber do fato. Então estaria em risco", disse ele.

Élcio não descartou que o próprio Lessa pudesse lhe matar caso desistisse de participar do crime. "Não sei se ele seria capaz de fazer isso comigo. Mas também não posso dizer que não. Isso é um jogo de dados."

O ex-PM também disse ter ouvido de Lessa que agentes da Delegacia de Homicídios extorquiram dinheiro dele quando as investigações se aproximavam da autoria do homicídio.

"O Ronnie dizia: 'Eu não vou ser 'minerado' por policial, não'", afirmou Élcio.

O delator voltou a dar informações contrárias em relação ao que Lessa descreveu à PF. Segundo Élcio, o comparsa no crime tinha uma submetralhadora semelhante à usada na emboscada e lhe relatou que serrou a arma e jogou os vestígios no mar. O assassino confesso, por sua vez, diz que devolveu a arma aos contratantes do crime.

"Eu acho que ele só confia no instrumento de trabalho dele", disse o colaborador.

Élcio também diz ter notado um aumento patrimonial de Lessa após o homicídio. O outro colaborador, porém, afirma não recebeu pelo crime. Teve apenas a promessa de receber um terreno na zona oeste da família Brazão.

Élcio, porém, afirmou que Lessa não dava todas as informações para os envolvidos nas atividades que executava. Segundo ele, o objetivo era controlar a circulação de dados.

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